quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Pobre homem que amava...

Cabisbaixo, roto e silencioso.
Anda sem querer chegar,
sem querer sair...
Pobre do que amava;
Pobre em sua riqueza agora tão vã.
Acordava tão sonhador,
sonhava tanto acordado,
Pobre do que amava...

Vagava de vagar,
andava só,
Sem mãos pra segurar,
Sem pés para compassar,
Pobre do que amava...

Era frio em noite de rua,
era veneno que lentamente não fazia matar,
Era liberdade que fazia morrer,
Pobre do que amava...

Nunca antes pensara,
em andar só, em viver só,
E pior, nunca antes pensara em sonhar só...
Ah! Pobre daquele que agora amava só e solitário.

Ele não era dia,
não era sangue que pulsava,
carne que é fresca,
O pobre só era o que antes amava,
Era que quem era e a quem tinha.
Era quem ainda não sabe ser,
por não ter sabido ter,
Pobre do que amava...

de olhar indireto,
de corpo frio
De pedaços que a vida fez separar,
pobre do que amava...

Sem versos, sem vícios,
Sem ser o que ama: Pobrezinho do homenzinho,
sem seu amorzinho,
preso em seu mundinho de imensidão que só o vazio pode dar,
Pobre dele,
Daquele de amor perdido,
de ego dolorido,
de abandono sofrido,
de sorriso esquecido,
de ombro caído,
de dia?! Perdido!
De dia perdido.
De dia seguido de dia, sempre cada um deles perdidos...
Pobre do que amava...

Daquele, que sem forças nem lamentava,
não levantava,
e fazia da cama, sozinha, casulo de dor.
Pobre do que amava...

Do que me compadecia,
me enchia de luto e altruísmo,
me fazia egoísmo em sentir por aquele que hoje é só o Pobre que amava...
Pobre do que amava...

Que aprisionado no passado
sofria um presente sem muito futuro,
Pobre do que amava...

Um homem que chorava e a dor não terminava,
um homem que via os dias acabarem sem o tempo passar,
sem o sentimento mudar, sem ter de novo a quem amar,
Pobre homem de alma rota,
Pobre do que amava...

Nada o recuperava,
Nada voltava,
Nada fazia dele o homem que antes amava,
E assim, seguindo cabisbaixo,
e se ia sendo só,
O pobre homem que amava...





(02/12/2010)