sábado, 31 de dezembro de 2011

Enquanto o mundo não acabar...


   Tenho me tornado um homem crédulo. Tenho visto tantas coisas. Tenho sentido tantas coisas que julgava serem impossíveis que tenho crido em sonhos, em possibilidades e tenho crido que talvez o mundo realmente acabe, alias: não duvide...

    Esse é meu último conselho para 2011 meus queridos. ACREDITE e FAÇA!
   Aproveite nessa possibilidade para provocar mudanças, para continuar caminhadas que já haviam te fadigado mas que a chegada lhe agrada. Sonhe, sonhe mais, sonhe sempre e faça pelos seus sonhos, não transforme seus sonhos em fábulas, faça deles o que só você pode fazer, FAÇA A HISTÓRIA!
   Ande em dias de chuva sem reclamar, coma doces se gostar, durma tarde, não durma e se quiser durma muito, descanse, mas não perca a vida em uma cama; muita gente gostaria de correr na chuva, assaltar a geladeira à noite e comer todos os doces que conseguisse mastigar.
   Não esqueça de sintetizar vitamina D, tome sol. Tome caipiras, cervejas, pegue uma cor, mas não deixe de usar protetor solar; caso o mundo não acabe será importante envelhecer sadio...
   ENVELHEÇA! Se permita estar mais maduro, ninguém deixara de te dar colo quando necessário só porque você agora vê o mundo de uma forma equilibrada, sutil, com prazer que só a idade e a experiência podem te dar.
   DESCUBRA VOCÊ, sempre tem mais de nós perdido em meio a quem somos. DESCUBRA-SE, CONHEÇA-SE E ACIMA DE TUDO: SE RESPEITE, se você não o fizer ninguém mais fará!



   SE PERMITA! 



   Acredite no tempo e seja seu aliado, não o ignore, aproveite cada segundo que tiver, busque a felicidade.

   Abrace as pessoas, não importa se você as conhece, DAR AMOR E CARINHO É UM DOM, NÃO UM TRABALHO FORMAL!
   AME! Ame sendo ou não correspondido. Apenas ame porque o amor ainda é o melhor combustível que a vida pode usar!
   Sinta tesão! É muito bom ter o corpo fervilhando em prol de um desejo, não se envergonhe, alimente!
   Seja amável, mas se precisar grite, xingue, faça o que for necessário mas viva, talvez esse seja o último ano...

   Se o mundo de fato acabar, não foi nossa culpa, vivemos! Mas se ele não acabar, que você não o tenha terminado em pequenas coisas que não nos façam melhores como pessoas!

   FELIZ ANO NOVO, FELIZ CHANCE NOVA!

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Diálogos do que fica...

(...)




Quase choroso eu imploro:

-Não me olha assim...

-Você está carente... (esboço malicioso de sorriso)

-Não...

-Tá sim, você está carente... (malícia escrachada em boca toda, em boca com vontade reprimida...)

-Não, não estou... É sério! (minha vez de esboçar sorrisos maliciosos, e eu penso: "Ah, se ele soubesse que fiz sexo com outro a pouco...)

-Aaaahhh, tá carente sim...

Eu saio dos teus olhos e me aproximo da tua orelha, me perco em teu cheiro e sussurro com meus lábios roçando tua pele:

-Não. Eu não estou carente, acontece que quando eu te vejo eu entro no cio...

Eu saio dos teus arrepios e volto aos teus olhos...

Repito:

-Não me olha assim...

Passeio pela tua pele, me perco no teu cheiro, no teu calor...

Você suspira...

-Se eu continuar assim não vai ser legal, vou precisar te beijar... (eu insisto)

-Quem disse que não vai ser legal?

(É fato, você ainda me tem...)

-Pra mim vai ser legal...

E você responde com a seriedade que só cabe naquilo que você me dá:

-Pra mim também...

Eu te beijo. Nos beijamos. Minha boca corre a face e nuca que julga lhe pertencer. Meu suspiro, tua respiração. Teus olhos.

-Me liga amanhã?!

Eu reluto com o que mais respeito em mim: meu desejo. Respondo:

-Não. Você não vai atender...

Você insiste, fala com os olhos. É sério. É casa...

-Liga, eu gosto de você, to pedindo pra me ligar...

-Duas coisas: Você não vai atender, caso atenda nem vai lembrar dessa conversa, está bêbado... (eu sei que não está, mas preciso de desculpas...)

-Você sabe que não é assim... Liga depois das quatro... Vou atender, prometo. E se eu esquecer... Você me lembra...

Teus olhos. Tua pele. Teu cheiro. Tua voz. Minha vida toda em você, em instantes que eu eternizo.

Eu me despeço, te desejo o melhor, te desejo mais... Meu desejo por você aumenta, te desejo mais...


E lentamente te deixo ali, sem saber se é saudade ou presença esse espaço que você ocupa em mim...

E agora?! Três horas, e eu não sei se quero ligar... 

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Se a questão é confessar...

[Texto de 2008, talvez 2009... ]


Se a questão é confessar...
Tenho medo de você se arrepender,
Tenho medo de me esquecer, de se envolver com outro...

Se a questão é confessar, eu admito...
Sem você sou triste...
E não tenho vontade de viver...
Tenho ciúmes de suas amigas
E invejo até o sol que toca sua pele

Se a questão é confessar,
Ainda não sonhei com você
Por que te quero de verdade...

Se a questão é confessar...
Estou cansado de não ter você
E me dói o vazio que percebo que só você preencherá
E pra ser bem sincero, só penso em você...

Se a questão é confessar...
Tenho medo de você se arrepender,
Tenho medo de me esquecer, de se envolver com outro...

Se a questão é confessar,
Sim você é perfeito pra mim...
































Complementando o presente:



http://www.youtube.com/watch?v=4EcFo2t0REo&feature=youtu.be

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Fêmea de fase...

Deitou-se ao meu lado com seu ar de indiferença,
se aproximou mais e respirou quente,
meu deixou arrepiado.
Esboçou sorrisos,
me segurou.
Me fez seu, porque sabia ser minha enquanto será livre.
Roçou em minhas pernas,
acariciou minha face com suas mãos macias,
e com malícia mordiscou-me,
ela é doce fera,
fêmea de fase e amores lunares,
com pureza lambeu-me a pele,
depois ronronou e voltou a brincar com sua bola de guizos...

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

dois desejos e uma dor...

então é assim...
tudo se acaba de novo, sem ao menos ter começado,
talvez seja melhor assim,
talvez algumas dores não precisem dor sempre,
e só o fim pode ser um começo...
vem, me dê a mão e me leve para fora,

saia de mim, mas dessa vez não me deixe te acompanhar...
...

nunca pensei que a dor fosse me deixar tão sóbrio,
tão exato de mim.
nunca pensei que eu fosse ser tão perdido em mim,
nunca pensei em fim.
mas tudo se acaba mais um vez,
e agora nem começamos,
somos mais uma vez dois desejos e uma dor.
e eu tenho sido tão exato e distante de mim,
eu tenho esta tão longe,
e ainda assim sito tudo tão cortante...
tão fim...

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

o tempo versátil de um ano...

já faz um ano meu amor,
perdi a noção,
ganhei tempo e um coração,
parece que foi ontem que chorei,
que doí você em meus sonhos mortos.
já faz um ano meu amor,
perdi paz,
ganhei coragem e tranquilidade,
parece que faz uma vida que te odiei,
que maltratei sentimentos que eram teus.
já faz um ano meu amor,
não há mais dor, não mais amor.
há tempo, há lembranças, e também há coisas que quero esquecer,
que preciso terminar de morrer,
que preciso aprender a viver,
afinal: já faz um ano meu amor.

sobre marcas e tatuagens...

eu tenho tatuagens,
mas suas marcas são mais visíveis em mim.
eu tenho um silêncio que grita teu nome,
que xinga minha alma atormentada,
um silêncio que amordaça meu ser,
que liberta meu ter.
eu tenho marcas,
histórias em verso que só os olhos contam,
que o escuro não esconde,
que a luz não mostra,
eu tenho tanta coisa que o vazio me enche,
me achata e me cansa.
eu tenho vontade de ir embora,
de ficar e perder a hora,
eu tenho o vento preso em eu ser,
e  caminho solto em curvas que esqueci de marcar,
e por falar em marcas; eu tenho tatuagens,
mas você é mais visível em mim.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

por ir...

quem sabe você não viu,
que sabe todas as estrelas já haviam caído,
ou eu só não fui bom para manter a luz...
que sabe o dia veio sorrateiro,
cegando com a luz que esclarece sentimentos,
e quem sabe o cheiro não era esse,
talvez eu sempre tenha amado mais,
quisto mais,
quem sabe eu tenha doído mais...
mas quando eu vi era diferente,
era maior,
e quem sabe, nem era...
agora eu só vou ir,
vou entender o tamanho da estrada pela distância, pelo cansaço,
e saber do espaço pelo vazio,
agora vou apenas silenciar novos entendimentos,
quem sabe eu eu só vou... 

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

dessas coisas

existem tantas coisas que você não sabe,
e tantas outras que não faço questão de te contar,
existe meus medos,
tuas vontades,
existem coisas que não acredito,
coisas que não conheço,
e as que escondo de mim, 
existem coisas que você não me conta,
que não faz,
e coisas que não tenho,
coisas que eu vejo, que sinto,
e coisas que minto,
e de tantas coisas que existem ainda me pergunto qual delas eu realmente quero...

sábado, 5 de novembro de 2011

O Alvo e a Flecha

Eu entendo o tempo,
e entendo que você precisa mais dele que de mim;
eu sei como é difícil ser alvo,
mas entenda que ser flecha também não é fácil,
é dolorido correr sem chegar,
é estranho não achar o que sabemos onde está...

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

pedidos de despedida;

Sigamos, é outro tempo;
outra história,
mas ainda somos nós dois e o mundo...
Sem guerras agora,
sem lutas...
eu lembro como costumava ser,
outro tempo, outro verbo,
não faça as mesmas coisas;
mudamos tanto,
apenas não esqueça...
os cheiros de entrega,
as luzes da manhã invadindo seu corpo,
os dias que passaram...
apenas não esqueça.

domingo, 30 de outubro de 2011

passado e presente


eu quis sumir você de mim,
quis rasgar a carne e arrancar o sentimento.
quis perder o tempo,
me perder em suas curvas de repouso.
eu quis o cheiro da manhã que você preenche...
te quis como no primeiro olhar,
eu te quis dentro de mim,
no raso dos olhos,
no fundo da alma,
preenchendo meu coração,
adornando meu corpo,
eu quis arrepios constantes,
te quis razão e confusão.

quis tanto de mim em você

quis não entender,

não enxergar, não sentir,
e quis não saber doer.
quis tudo o que sabia querer,
e agora tenho lembranças...

sábado, 22 de outubro de 2011

Terapeutas são caros, blogs são de graça...




       Quando criei esse blog minha única pretensão era desabafar; isso mesmo: DESABAFAR! Nunca tive a pretensão de que ele se tornasse um sucesso, nunca ambicionei ser parado por alguém para comentar uma eventual postagem minha; como eu sempre brinquei com meus amigos mais próximos "meu blog é minha privada eletrônica". Claro que as coisas acabaram saindo um pouco do foco e isso não é um problema, e nem eu tenho o direito de reclamar dessa situação, afinal: "quer segredo?! Escreva em um diário!!!".

       Hoje, porém, quero voltar as origens do blog; como de fato algumas vezes eu fiz. Quero ter o direito de ser mimado e reclamar. Quero reclamar da minha vida, dos meus amores não correspondidos, dos meus amores perdidos e mais ainda quero reclamar do meus amores não sentidos. Não quero parar e ponderar sobre meu direito de fazer isso, não quero ouvir lição de moral em prol de uma ética social, então caro (a) leitor (a), antes de desejar julgar meu súbito de mimo e egoísmo eu lhe peço: PARE AGORA MESMO DE LER, esse texto é meu, e de poucos amigos que não julgarão meu direito de escreve-lo, amigos que no máximo me darão o prazer de seus abraços e silêncios eloquentes. 

       Bem, como bom virginiano que sou, vou separar e organizar os assuntos por área, assim também, caso alguém tenha continuado a ler poderá escolher apenas as áreas de interesse...


FAMÍLIA:

       Minha família está longe, mesmo com meus pais se fazendo presente diariamente em ligações carinhosas e depósitos bancários que podem ser classificados como humildes, mas que são tudo o que tem, e às vezes eu sei que é bem mais do que possuem. Sinto saudade dos meus pais, mas confesso que o restante da minha família estar distante me dá um certo alívio, melhor assim, prefiro ignorar certos problemas. Alias, não levo meu problemas pra eles, não quero os deles pra resolver, não casei com ninguém, não pari ninguém, não falei mal de ninguém, não quero ninguém me cobrando por isso, não quero esse tipo de atmosfera em volta de mim. Sim, eu quero um casulo de afastamento deles, assim meu amor por eles se mantem vivo, caso contrário não peçam paciência, o pouco que restou dela em mim eu uso para me manter vivo.


AMIGOS:

       Como diria a canção: "meus bons amigos, onde estarão?!"


   Já tive amigos que souberam de mim tanto ou mais que eu mesmo, amigos que influenciaram na minha vida, que me fizeram mudar o rumo da minha vida. Tive amigos que eram parceiros. Amigos que eram irmãos. Amigos de viagem, e amigos de viajar. Amigos que dormiram na minha cama, e que dividiram camas alheias comigo. Tive os que se fizeram amigos em apenas um olhar, e os que não duraram mais que a lembrança de um olhar. Tive tantos amigos, muitos... E quando eu falo "tive", não é porque todos esses eu perdi, mas é porque não sei onde estão e não sei também se ainda são meus amigos, fica difícil classificar quem não está, quem não sabemos, e pior ainda: quem nem lembramos.

       Atualmente meu MSN (que quase nunca uso) tem 690 contatos, meu Facebook tem 933 amigos e meu Orkut (sem uso) tem 658 amigos, eu devo fazer parte de alguma outra rede social que agora nem lembro, e eu ainda tenho amigos que não fazem parte de nenhuma dessas redes sociais, mas que estão por aí... A questão é: quantas dessas pessoas eu devo realmente classificar como amigos e ter coragem e decência de pedir abrigo, abraço e ser verdadeiro. Por que eu não estou vomitando todas essas coisas a um amigo?! Ah sim, deve ser por dois únicos motivos:
1) Não tenho coragem de confiar inteiramente nas pessoas e ter que admitir o que elas sabem, eu sou humano e cheio de erros, fraquezas e medos.
2) Não confiar nas pessoas cegamente.

       Culpa?! Acho que ninguém tem, mas também não acho que tudo seja descaso do destino, não quero julgar, não sei ser imparcial pra isso. Mas uma coisa eu sei e quero registar: sinto falta dos meus bons amigos...


PESO:

       Hoje, 4 anos e 7 meses depois de ter feito a redução de estômago, e ter saído dos 147kg chegando aos 80 e poucos, sim; 80 e poucos porque hoje de tanto que ando comendo tenho medo de me pesar, e saber que já devo estar pesando mais que meus 83kg de peso ideal. Não tenho conseguido manter uma alimentação saudável e menos ainda tenho conseguido me exercitar com frequência, ou seja, se as coisas continuarem nessa crescente logo, logo vou estar uma orca novamente, e saibam, EU ABOMINO ISSO!


DINHEIRO:

       Sou descendente de alemão, tenho o defeito do orgulho vivo em mim, correndo nas minhas veias com meu sobrenome, mas a necessidade faz milagres em nossas vidas. E hoje, como eu sempre digo: "Parei de fazer o que quero e passei a fazer o que preciso!"
      Meus pais nunca foram ricos, mas sempre tivemos uma situação financeira bem confortável, até a má administração do dinheiro, a desvalorização salarial, quem sabe o comodismo, alguns golpes que a vida sempre dá de forma certeira e a odonto me fizeram sentir as dores e os horrores da falta de dinheiro. Sim, eu sou bolsista, não pago mensalidade, mas pago fortunas em materiais práticos e didáticos, pago aluguel, água, luz, comida, roupas, transporte.
       Meus pais, pra minha dor, venderam a casa, o carro e hoje andam a pé e moram de aluguel com o intuito de que eu me forme. Além dessas perdas eles também vivem uma vida de privação social, que embora nunca comentem eu sei que existe, sei que não saem a festas restaurantes ou outras diversões que antes eram rotineiras e prazerosas a eles. 
       Eu pra ajudar a completar a grana e porque detesto a ideia de ter 26 anos e depender exclusivamente dos meus pais comecei a trabalhar a noite (único horário disponível, graças a faculdade),  nesses 3 anos trabalhei como garçom, coordenador de copa, lavei muito copo, muita louça, limpei muito banheiro, juntei muito lixo, ouvi tantas barbaridades de idiotas metidos a senhores do mundo que fiz questão de esquecer boa parte delas, o não lembrar dói bem menos. Sinceramente não gosto muito dessa posição de trabalhador noturno, eu preferia gastar 300 reais em uma noite a ganhar 45, mas preciso, levanto a cabeça e vou a luta, fodam-se!


        Trabalhar a noite e ter que estudar o dia todo é difícil, às vezes tenho medo da qualidade da minha formação, mas o importante é ter foco, e isso ainda tenho; o que me chateia mesmo são as situações em torno desse fato. Me chateia levar um "carteiraço" na noite de algum idiota com muito dinheiro que me olha com arrogância e diz com ar intimidador: "Me respeita garçom, quem tu acha que é?! Eu sou estudante universitário, eu faço odonto!" ou " é bonitinho, pena que limpa banheiros, não ficaria com alguém que limpa banheiros..." ou ainda " É por ser tão lento que vai passar a vida limpando banheiro", ou "Nunca vai deixar de ser garçom...", ou " Te desejo tudo de bom, você é um ótimo garçom, sempre terá emprego sendo tão solicito..." Tá achando ruim, pode ser pior, às vezes eu preciso deixar de fazer parte de alguns eventos sociais de alguns amigos ou colegas e no auge da sua falta de discernimento já tive que ouvir coisas como "Quanto tu ganha? Eu pago!"... É, difícil essa história de estudar quando não se tem muita grana mas se tem um ego imenso. Me sinto humilhado, esmagado e tremendamente triste cada vez que passo por uma situação dessas e preciso sorrir, e fazer de conta que nada aconteceu, de que está tudo bem, de que sou imune a feridas e comentários pejorativos...



SEXUALIDADE:


       Hoje em dia parece tudo tão lindo, tão bem resolvido; as pessoas parecem tão conscientes e abertas. Agora experimenta ser gay e dizer a suas amigas que vai sair com o marido delas pra olhar um filme, ou pra um show ou mesmo pro futebol. Explique para os seus amigos que  são pais que o mundo deles não acabou, e que não é culpa deles e nem de ninguém que o filho deles seja gay.
         Sim queridos, as coisas estão mudando, mas não se iludam, ainda é muito difícil não ser o padrão. Ainda ouvimos comentário cortantes e olhares desconfiados, ainda somos personagens recorrentes em piadinhas estúpidas e programas de comédia, travestis ainda não conseguem empregos dignos e homens afeminados não podem exerce cargos de chefia no exército, parecem condenados a serem liderados, ou no máximo conseguem boa posição em profissões especificas para quem é gay, como se isso fosse possível.
        Gay não é sinônimo de pedófilo, mas os pais não se sentem a vontade em deixar suas filhas com uma babá assumidamente gay, e pai nenhum vai querer o se garoto sendo educado diariamente por um gay, "não se sabe o quanto eles refinarão nossas crianças...". Gay não é sinônimo de tarado ninfomaníaco, eu não quero "pegar" qualquer pessoa que eu conversar, da mesma forma que não é todo mundo que vier conversar comigo que vai ter algum tipo de interesse sexual por mim...
       Queridos, dizer que as coisas mudaram, e que tudo agora é mais fácil é coisa de quem é hetero. Vivemos em tempos de guerra fria, antes nos atacavam durante o dia, olhavam em nossos olhos e sabíamos de onde vinho ódio, sabíamos de quem deveríamos nos defender, hoje tudo é as escondidas, tudo é sem ser. Hoje temos medo e receio de de quem se diz amigo até que nossa sexualidade não se aproxime.


SEXO:

       Gosto. Gosto muito! Duas semanas sem e fico mal humorado (o que não tem sido raridade acontecer...Hehehehehe). Mas sexo não é público, não faço pelas ruas ou em eventos sociais, não faço sexo com qualquer um que conversar comigo, ou com qualquer pessoa que eu beijar, faço sexo com que me der tesão e EU quiser. Pra mim sexo pra é satisfazer o outro, é ver alguém enlouquecer, faço o que for preciso pra ouvir gemidos de loucura, faço qualquer coisa pelo gozo alheio, isso é o que me move sexualmente; caso contrário, se fosse exclusivamente pra me satisfazer eu me masturbava. Então quando alguém no final de uma transa me diz em meio a risos "muito prazer", eu sei que cumpri minha missão e meu prazer é maior no silêncio pós termino que no ato de gozo.


AMORES = DORES

       Confesso que nessa hora eu começo a ponderar um pouco mais e começo a repensar o grau de verdade e fúria empregado nesse texto, acho que aqui minha vida pode descambar de vez, mas contando que ninguém mais esteja lendo, continuarei da mesma forma que comecei.
       Quero saber por que motivo eu não consigo amar quem me ama e da forma quero saber  por que quem eu amo não pode me amar?! Isso me revolta profundamente, de verdade!
       Se eu pudesse contar a quantia de vezes que chorei por alguém que não me amou, ou se eu pudesse contar às vezes que me martirizei por não conseguir gostar de quem gostava de mim.
       Esse ano em especial, doí muito por isso. Tive duas desilusões que me machucaram tanto a ponto de fazer perder a fome, o sono, a vontade e a coragem. Quis entender, quis esquecer,e hoje só o que quero é doer, sentir cada uma das partes do luto desse aborto que é só meu, afinal esse sentimento que morre antes de nascer sempre é só de uma parte. Eu odeio o silêncio mórbido que os que não correspondem nos impõe, por favor se compadeçam, olhem em nossos olhos e digam: " Não quero, não vai acontecer!" isso doerá mais, mas alimentará menos, e em pouco tempo estaremos inteiros novamente, com algumas marcas é claro, mas inteiros...
       Atualmente estou doendo uma dessas desilusões, confesso que tem sido difícil conciliar a tentativa de seguir a vida, reconhecer e permitir um novo amor com tanto rancor, mas dessa vez pelo menos eu pude agir de forma leal a mim, fui sincero, me expressei, disse tudo o que sentia e desejava, não vou ser hipócrita, falei tudo o que queria esperando pelo menos um "obrigado pelo carinho" e como não poderia deixar de ser, recebi silêncio, algumas coisas nunca mudam, e nem podemos reclamar...
       Da mesma forma que imploro por esse bom senso dos que não podem corresponder, quero publicamente pedir PERDÃO uma pessoa especial aqui, gostaria muito de SÓ POR HOJE poder ser perdoado por não poder corresponder ao sentimento mais nobre  que alguém poderia ter sentido por mim, e PERDÃO por não ter sabido conduzir a situação de forma a causar menor dor. Perdão meu último namorado!
       Sabe, às vezes eu penso que essas minhas atitudes nada mais são que frutos dos meus bloqueios emocionais, frutos de possíveis medos de me machucar, de me envolver de verdade. Seria uma ótima arma de defesa, se eu só desejar quem não me quer nunca vou ter quem eu quero e assim não me envolvo, não me machuco; mas será que eu posso ser tão baixo e tão doente assim?! Medo de mim!

RELIGIÃO

       Eu poderia polemizar aqui, mas acho tão desnecessário fazer isso, a simples palavra "religião" já traz um separatismo dolorosamente desnecessário.



       Acho que deu, qualquer terapeuta já teria me mandado embora, tudo nessa vida tem tempo.
        Esse texto deve estar cheio de erros, não vou revisar, nem editar nada, não quero correr o risco de amenizar algumas verdades, então caso tenho lido até aqui, perdoe-me pelos erros, e pelo tempo tomado, mas não esqueça: Eu avisei que seria esse vômito todo...


quarta-feira, 19 de outubro de 2011

prender sem segurar

se perguntarem, vou dizer que sim, 
que fiz, que quis...
Enquanto eu puder vou levar comigo,
e quando acabar o espaço vou achar fácil por fora,
vou entender a hora,
e quando me perder no tempo,
vou andar, e só...
vou estar em lugares que meus pés não pode me levar,
em águas que não podem lavar,
vou estar onde o meu paraíso tem nome,

onde tenho você.
se entenderem, vão ver: eu espero.

tenho tempo, mas não tenho muito além.
quando entrarem, vão entender...

nem sempre eu sei, nem sempre eu lembrei...
às vezes eu mentia, 
às vezes doía,

e mesmo assim, o que importa é andar.
passar por sentimentos além de mim,
por medos sem necessidade,
por vontades e saudades de quem não tive,
saudades de quem me prendeu sem me segurar...
voltar,
parar,
existem coisas que só sei em ti.

domingo, 9 de outubro de 2011

de tanto você

de tanto procurar você em outros corpos,
e de tanto não te achar,
por nunca te largar,
e solto não me achar...

de tanto não saber,
de tanto procurar,
e por nunca esquecer,
por não me libertar...

de tanto não pode dizer,
de tanto silêncio fazer,
por não poder gritar
por não saber me expressar...

de tanto querer,
de tanto desejo,
de tanto, por você,
por ficar esperando...

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

opostos e dispostos





eu tenho medo do desapego, 
tenho medo de perder o que ainda não tenho,
e tenho medo de precisar de coisas que pus fora.
eu tenho medo de me perder na minha bagunça,
e de me achar perdido no meu caos.
eu falo demais,
eu tenho medo de ser contraditório quando o que busco é melhorar.
ser padrão é ser igual,
mas eu ainda me assusto com o que se parece comigo.
eu tenho medo do oposto, e do disposto.
eu tenho fome e medo de engordar,
mas quando mudo tenho medo d'estar diferente.
eu sou tão grande que não caibo na cama,
mas sou tão pequeno que não apareço no mapa,
eu sou pequeno a ponto de caber em alguém.
tudo o que tenho são vontades, 
e às vezes troco elas por bom senso,
troco balas de goma por balas de hortelã,
por balas de festim, por balas de verdade,
de ver a idade.
eu troco o que sou e o que tenho pelo que serie se eu trocar.
evoluir em andar, em parar,
evoluir em ir, em poder vir.
eu tenho medo e isso me leva, e me freia.
e agora, sei que o que tenho me faz parar.



quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Amor em três rounds

No prédio em frente um casal briga.
Ouço berros;
insultos que corroem.
Às vezes as lágrimas são tão eloquentes que afogam os gritos,
às vezes é o silêncio, a pausa, o ensaio do fim...
Os estilhaços tem som de fúria,
e as acusações: fugas que foram cultivadas com o tempo.
O cheiro disso tudo é medo, pena, é a falta que vai fazer.
A cama não será mais quente,
e o domingo de sol será sem parque.
Silêncio!
Uma porta que bate,
outra que abre,
Uma voz chorosa que grita na janela,
Outra que responde da calçada:
-Eu te amo!
-Volta!
E assim a vizinhança segue seu rumo...

. Como não começar,

"...Hoje eu matei um cara,
não lembro o nome dele;
sei que era quente,
que encheu minha cama,
mas não havia lugar pra ele,
então: matei-o.

Não matei por maldade.
Matei por necessidade;
por saber que ele não sobreviveria em mim,
por ainda sentir na minha cama quem não vai embora.
Matei por piedade de não iludir.


Hoje, quando matei o "cara", eu sabia como fazer.
Disse adeus, fechei a porta e voltei a dormir..."

terça-feira, 20 de setembro de 2011

A lavadeira

... Amanheceu na beira do rio,
E a morena começou a lavar,
Morena lava, que a água leva,
Morena me leva que a água vai.
Espumou e a água limpou,
Morena aproveita que o branco clareou,
Que o sol hoje não queimou,
Morena lava.
Morena aproveita que hoje o mundo nem te olhou,
Gira, gira;
Lava e deixa levar.
Morena me leva que a água vai.
Que a água vai...

Verdades sobre aprender um fim...

Eu estou aprendendo,
estou te deixando fora de mim,
estou te pondo ao meu alcance sem dor.
Eu estou entendendo,
comecei a respeitar a dor como saudade,
e o não como condição.
Eu estou mais tranquilo,
menos dolorido,
agora eu já posso ver cores que a ausência dos teus olhos escondia,
e consigo sentir calor sozinho,
tenho ouvido músicas que seus lábios não desenharam.
Estou melhor,
E agora também comecei a mentir.

sábado, 17 de setembro de 2011

Doendo presença.

Às vezes que queria estar sozinho,
sentir só o sol queimar nossa cama,
e entender o amanhecer como presente.
Eu queria sentir mais que o seu cheiro em mim,
e ver você onde estás.

Às vezes eu queria que as flores não morressem,
e queria que o tempo não passasse.
Mas talvez eu queira você fora de mim.
Queria esquecer seus sussurros com sono,
e seus olhos umidecendo verdades.
Eu queria abraços, com braços e peito pulsando.

É verdade, eu queria flores que não morressem,
queria que você fosse embora quando me deixa,
que saísse de mim quando fecha a porta,
Eu queria doer tua real ausência,
não quero mais doer presença.



quinta-feira, 15 de setembro de 2011

para morrer o que mata...

eu tenho em mim um cheiro que não me pertence,
e uma lembrança que insiste em ser viva,
eu tenho um medo em perder que só conheci com você
e tenho as noites que não acabam,
meus pés doem, mas há tanto o que andar ainda.
minha alma sente, mas minha carne falta.
eu tenho em mim um gosto que só encontro na tua boca,
um prazer que só teus olhos conhecem,
eu tenho tanto de você, que tua falta me mata.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Aceitando não acreditar

Como não ser sóbrio se a noite insiste em ir embora?
Como desistir de tudo se o peito ainda bate tão apertado?

Como saber se tudo o que conheço são verdades mutáveis e mentiras sustentadas pelo desejo?
Eu ainda duvido dos dias de sol sem você,
ainda esqueço as chaves se você não é meu motivo para voltar,
andei perdido em você,
andei me perdendo em te perder,
e agora desisto de desistir, e passo a insistir.

Nada muda, mas eu imploro,
nada é, mas eu prefiro acreditar,
ande ao meu lado, e eu irei a diante.
Me faça verdade que teus lábios profanam no escuro,
no sussurro do suor,
me tenha como ao medo,
e serei o que consigo, serei seu.

Eu quis mais, quis limites
mas acontece que você sabe como voar,
e quando vai, me leva.
Me acalam a alma com um "sim".

Me guarde em você, e serei sol em manhã de domingo.
Me lave e me leve, me flua.

E me deixe fluir, me deixe ir sem doer, 
e mesmo sem entender, me faça aceitar o que é o perder...

domingo, 11 de setembro de 2011

Trajetória Parte IV

...Eu tenho sido chuva,
tenho sido água que não lava,
mas que leva.
Eu tenho visto os dias perderem a cor,
e o peito bater vazio.
Eu tenho sido deserto que verte,
eu sou ausência...

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Trajetória Parte III

Meus lábios te pediram pra ficar,
mas meu coração implorava para que você não fosse embora,
que você não saísse de um lugar que só você soube chegar.
Não quero longe quem está dentro,
quem ainda que distante, enche minha cama.
Não vai.
Estou te pedindo para ficar,
Você é o perfume da minha cama,
é a cor dos meus dias...
Descobri em você caminhos que não entendia,
Estou sendo teu,
sendo egoísta em te dizer o quanto preciso de você.
Não vai.
Eu sinto frio sozinho,
Estou te pedindo pra ficar.

Trajetória Parte II

hoje minha cama dói com o vazio,
e minha carne dilacera tuas palavras,
teus medos e tuas vontades.
hoje meu peito sente a batida do teu coração em abraço apertado.
e eu sou dor que permite chorar,
hoje eu não entendo o "não" como fim.
eu te peço pra ficar,
pra me abraçar.
eu te espero.
ainda não sei viver sem o calor da tua pele,
sem teu cheiro de casa
e tuas costas ainda são o caminho que sei percorrer.
hoje eu sinto verter em mim verdades que não quis ouvir,
mas você falou,
você me abraçou,
senti teu cheiro,
senti minha vida no enrosco dos teus braços,
e queria estar sentindo você agora, em mim.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

breves segredo "de faz de conta"




eu tenho sido água que salga a boca,
que lava a alma,
que enche de solidão a imensidão da minha cama.
eu tenho derretido como gelo em copo vazio,
tenho mentido verdades que não sabem silenciar em mim,
e dos gritos tenho justificado a loucura que tenho cultivado.
eu sinto os dias como álcool:
ardência, anestésico, prazer, fim e começo.




dois pra lá, dois pra cá, dois além...

Eu dancei.
A música acabou,
a perna bambeou,
mas o o coração mandou,
e eu dancei.

Eu dancei.
Senti arrepio,
esqueci o frio, senti calor,
flui como rio,
eu dancei.

Eu dancei,
uma noite inteira, a vida toda;
eu sorri e dancei.

Eu dancei.
eu bem sei,
dancei.

Relato de cor





"...Tive oito filhos,
casa humilde,
dinheiro que faltou,
preocupação que sobrou,
tive o casamento que quis,
família feliz.

Nunca acordei depois do sol,
nunca tive sexta sem tambor,
nunca os dias foram sem amor,
a luz já faltou,
e já cortaram a água,
mas aqui a gente chora abraçado.

Não estudei,
eduquei oito que com amor criei,
tive o casamento que quis,
família feliz.

Trabalhei com chuva molhando e sol queimando,
sempre disse que da minha cor eu tenho orgulho,
do meu credo e do meu ninho saem minha força,
a luz já faltou,
já cortaram a água,
mas aqui a gente chora abraçado..."

amanhecer

"Sempre era domingo,
e as noites sempre tinham o luar dos teus olhos,
eu era vento quente,
me perdoe por amanhecer.

Sempre no tom certo,
na vibração ideal,
sempre passado o presente futuro.
e eu mudei a canção.

não há mais palavras,
a culpa fala no silêncio,
e cega com a tanta luz,
me perdoe por amanhecer..."

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Eu e os verbos...

Eu tenho o cheiro de estrelas que derrubamos,
tenho as mãos vazias,
e tenho o escuro das noites sem você.

Eu perdi a luz,
e vaguei em lugares que esqueci de apreciar,
deixei conforto em braços que não são seus.

Eu disse versos que a verdade não alcançaria,
jurei mentiras que ninguém desfaz,
e silenciei.

Eu fiz planos,
quis realidade,
Onde erramos?

domingo, 28 de agosto de 2011

Sábado da mamãe

quando for sábado eu vou acordar cedo,
vou comprar flor,
perfumar a vida,
vou acender vela.
vou cantar com o lírio no cabelo,
quando for sábado vou dançar com o espelho,
e se eu chorar, vai ser com açúcar.

quando for sábado vou pro colo da minha mãe,
vou levar presentes, e ser acolhido,
quando for sábado vou achar marido,
vou cantar e exaltar minha mãe.

quando for sábado,
e eu vou acordar cedo,
vou tomar banho de cachoeira,
lavar a alma e enfeitar a vida.
quando for sábado eu vou dançar com espelho e espada.

confissões solitárias






...do silêncio que fiz, entendi não mais poder calar,
calejar e doer.
entendi não entender o que se faz,
o que se leva e o que se traz,
do silêncio que fiz entendi o que não se pode entender,
o que não se pode esconder em verdades,
e entendi o que se pronuncia em omitir,
entendi versos no silêncio...

domingo, 24 de julho de 2011

O que sei é você...

O que sei é da tua força me pegando pra dançar,

O que sei é do teu silêncio me chamando pra cantar,

Sou tua.

Sou reposta e luz da rua,

O desejo de ficar,

O que sei são teus olhos me pedindo pra entrar,

Minhas curvas te fazendo se achar,

O que sei são vontades que a respiração faz gritar,

E são tuas mãos me fazendo calar...

Com você sou rio e sou mar,

Sou chuva que vem lavar,

Sou o melhor que a vida pode te dar,

O que sei é tua força me pegando pra dançar,

O que sei é teu beijo me fazendo delirar,

É você me dando motivos pra cantar,

É desejo que não posso conter,

O que sei é querer,

Você.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Mais que sonhar, ser sonho!

Algumas lembranças da infância são tão reais que chegam a ter cor e cheiro mesmo depois de anos. Eu ainda posso tocar na imagem da primeira vez que me perguntaram o que eu queria fazer quando crescesse, aquele dia é tão vivo em mim quanto cada uma das certezas que tenho e que mudo diariamente.

Quando criança não tinha certeza se seria cantor ou se trabalharia como ator, sabia apenas que qualquer outra coisa que tentasse fazer não me serviria. Na adolescência, o sobrepeso e o bulling me deram uma visão mais incerta quanto a um futuro profissional e menos respeitosa. Desisti da música quando meus professores desistiram de mim, desisti dos palcos quando tive medo de ser eternamente o Papai Noel, ou o gordo engraçado de programas de humor, que de forma pejorativa expõe as diferenças.

Três semestres de história, semestres de marketing, cinco de administração, cinco anos vagando por cursos que não gostava, e 64kg mais magro e a vida resolveu me fazer um carinho, me trouxe um presente. Ganhei uma bolsa para estudar teatro fora do estado em uma faculdade com bastante reconhecimento na área; era minha hora de mostrar o porquê vim ao mundo: “vou brilhar!”

Meus pais em sua extrema doçura financiaram minha viagem, e minha estadia em um lugar que nunca antes pensei estar. Conheci gente, fiz amigos, fiz contatos profissionais, brinquei de turista, fui o “menino do rio” por dias de sol que queimavam minha pele branca de gaúcho descendente de alemães. Finalmente eu via uma lembrança virando sonho, e o sonho virando realidade, eu seria ator.

Faltando alguns dias para o prazo final da entrega da documentação para a matrícula e efetivação da bolsa, liguei para casa, pedi um documento que faltava. Solicitamente minha mãe enviou o documento por correspondência segura de que chegaria antes do prazo final.

Prazo final, o documento não chegou. O que um dia foi lembrança que passou a ser sonho agora era ferida. Sentei no chão e como a criança de cinco anos, que dizia que seria ator, chorei sem vergonha de ninguém, nem mesmo de mim. Chorei uma dor que não queria sentir. Chorei uma injustiça que acreditava ser maldade da vida. Chorei e fiz do sonho uma promessa: nunca mais eu iria querer saber de qualquer coisa voltada à arte. Engoli o choro, o orgulho e pedi pra voltar pra casa.

Aprendi que a dor de ver um sonho morrer é igual à dor de passar por cima do próprio orgulho, é igual à dor da decepção de nós mesmos, e é igual à vergonha que sentimos das pessoas que pedimos para sonharem nossos sonhos. Voltei pra casa, para os amigos, para os curiosos, para o mundo que eu havia construído onde lembranças não eram sonhos.

Hoje, três anos depois, minha vida tomou novo rumo. A música voltou como companhia constante, os livros voltaram a ser prazer, e o cinema descanso, o teatro às vezes bate a porta e, quando estou bem, deixo ele fazer uma visita nesse novo mundo. A ferida tem estado em processo de cicatrização, já não dói mais como antes, mesmo que por hora sei ou sinto que o melhor é manter alguns sonhos no campo das lembranças, e o viver da arte vai ficando assim: inerte e indolor.

Toda essa explanação, e talvez exposição desnecessária, é para justificar algumas das minhas atitudes pessoais e para explicar novos posicionamentos. Eu ando meio calejado quando o assunto é sonhos, quando o assunto é ir atrás de uma vida que acreditamos ser a nossa vida certa, mas mesmo assim não consigo pensar em deixar tudo para traz e fazer de conta que lembranças nunca poderão ser sonhos, ou que sonhos nunca serão alcançados.

Perguntar quanto vale um sonho é tão absurdo quanto perguntar quanto vale uma vida. Algumas vidas nunca passarão de sonhos e alguns sonhos serão a única vida que algumas pessoas terão.

Eu já sonhei, já vivi; e já desisti dos dois em fases distintas da minha vida. E retomei ambos. Retomei uma vida que não sabia que tinha quando tive medo de não poder mais sonhar; e tive medo de viver de sonho quando a vida me fugiu ao controle. E saibam, nenhuma dessas coisas foi fácil, normalmente nos custam no mínimo uma grana que consideraremos mal investida e o esquecimento do nosso orgulho e vergonha em admitir que erramos.

Tenho visto alguns amigos adormecerem sonhos, e tenho acompanhado o quanto isso dói para eles. Tenho visto algumas pessoas largarem tudo em busca de seus sonhos, e em anos ou meses depois voltarem frustradas e sinto em mim a dor que dilacera a alma dessas pessoas, sei o quanto isso significa. Mas o que realmente tem matado minha alma são as pessoas que conheço e que por variados, e não aqui discutíveis motivos, têm desistido de ir atrás de seus sonhos, tem abdicado de serem elas mesmas. Sempre seremos o que amamos.

Admiro quem gosta do que faz e, mais ainda, quem gosta do que é. Admiro uma galera que vive cantando em bares, sejam eles lotados ou com três bêbados desatentos, conforme já vi. Admiro pessoas que se propõem a viver seus sonhos e não se importam em ser os próprios sonhos. Admiro pessoas como Guilherme Bulla, Vivi Fields, Lais Tetour, Tephy Marcondes, gente como o pessoal do Projeto Cama, Mesa e Banho; admiro essa galera que sonha e ensina a sonhar, que divide o próprio sonho sem pedir nada em troca, contando apenas com a boa vontade das pessoas.

Quando comecei esse blog, era para ser simplesmente um lugar onde eu pudesse escrever sentimentos distorcidos em metáforas, não tinha pretensões maiores e de fato ainda não as tenho, porém agora vou dar espaço a sonhos que me fazem sonhar. Não tenho o intuito e menos ainda a qualificação de fazer analises críticas, mas posso falar de sonhos e de verdades que as pessoas vivem, posso divulgar sonhos e quem sabe incentivar algumas pessoas a porem mochilas nas costas e viverem seus sonhos, quem sabe inspiro pessoas a se permitirem ser seus sonhos?

domingo, 3 de julho de 2011

...devaneios de inverno

guardei um pouco do sol em minhas cobertas,
e senti o chão gelar as meias.
bebi mais café.
pela janela o vento faz vida em árvores secas.
tenho sentido um frio além da temperatura,
tenho feito de livros velhos a companhia certa,
e do copo a distração quente.
onde você está?
queria sentir mais uma vez o cheiro amarelo verão que você exala,
mas tenho visto branco,
vazio.
quando a noite chegar vou usar o sol que guardei,
vou beber mais café,
e vou me esquentar com o copo que distrai,
quando a noite chegar vou estar sozinho com meus livros,
e continuar aqui, o único lugar para o qual você não vai voltar...

domingo, 26 de junho de 2011

Onde fica o meu paraíso...

Meu paraíso fica ali do meu lado, deitado...
Exausto, mas rindo...
Com o canto da boca vermelho de beijos afoitos,
e marcas de quem perde o controle enquanto controla...
Meu paraíso tem leves gotas de suor que correm quentes em curvas que me pertencem;
E tem a temperatura que me mantem quente...
Ele tem cheiro de satisfação completa,
e riso fácil.
Meu paraíso tem nome,
e tem a mim...

terça-feira, 21 de junho de 2011

...

Tirei os sapatos e em silêncio entrei no quarto.
Depois de você o sorriso vem fácil.
Juntei com cuidado cada pedaço seu e com todo carinho e desejo guardei em segurança, não quero te perder só porque você não está aqui.
Vou fazer algumas coisas que eu havia planejado antes de você chegar, e planejar algumas novas pra quando você entender que o melhor é voltar...
Vou continuar aqui, e depois quando você quiser, aparece.

Sinceramente piegas...

Ainda sinto teu cheiro na minha cama
e teu gosto na minha boca,
e te quero aqui,
no lugar que é teu, dentro de mim.

Sinto teus olhos em minh'alma,
e sinto medo de não sentir mais você.
Tenho esperado os dias passarem,
tenho esperado você voltar como o rio que torna a nascente em forma de chuva,
não é sábio querer coisas que você não possa dar.

Teu corpo é tão presente em mim ainda,
e tua voz é o sim que estou esperando.
Desisti de algumas coisas,
cansei se algumas pessoas,
Mas ainda estou te esperando.