quinta-feira, 30 de abril de 2020

Sobre ir...

Foi-se o tempo...
Foi-se o gozo, a vida, a alma...
Foram-se os pedaços de mim,
Foram-se os dias,
Foram-se as vontades...

Foice tudo!

Tudo cortado precisamente.
Não rasguei, não dilacerei, não arranquei nada.
Foice tudo...



Foi-se eu,
Como eu disse, foice eu.
E agora que não posso ir, foice eu.
Viver é morrer em pedaços.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Ekeneando

eu acho que agora as coisas estão mais calmas,
talvez, agora, a dor seja apenas vontade de poesia.
eu devo estar mais cansado,
cansado da saudade,
cansado da verdade,
cansado daquilo que eu achava que era vontade,
devo estar negando menos as ausências,
eu devo estar devendo menos coisas agora que não há mais tratos,
e por falar em tratos, eu me dei alta do tratamento contra você.
e por falar em você, eu ainda minto pra parecer te precisar menos.
ainda falando em você, sinto falta de falar...
sinto falta de gritar,
até meu silêncio já gritou mais...
e por falar nos meus silêncios, que falta eu sinto.
quase não ouço mais o coração desobediente,
quase não me escuto chamar...
como eu sinto faltas agora que estou cansado das verdades...
como eu sinto, cansado.

sexta-feira, 10 de junho de 2016

vazio, sem espaço...

ainda são tantos pedaços,
tantas coisas pra juntar e colar,
ainda é tanto trabalho e eu estou cansado.
quero parar,
eu preciso ir agora...
estou tão cansado, sem forças, sem vontades...
estou um pouco perdido,
sem caminho,
sem palavras,
mas tão cheio de gritos e choros que parece que não vou aguentar...
há tanto de você em mim que fica difícil não ser "nós".
estou uma tempestade em mar aberto...
prisão em ventos revoltos.
eu não sei se quero continuar...
não sei se posso, se consigo...
não há mais ajuda que organize esse caos que virou sentir você
algo está errado quando o chão parece mais seguro e confortável.
falta alguma coisa quando não tocamos mais  silêncio.
algo está errado quando todos os lugares estão vazios, e nada mais tem espaço.
eu queria estar seguro nos seus olhos,
e queria estar livre de você,
mas há tanto para fazer ainda.
então, desculpa, preciso ir...

Lamento, por você...


Como você está?

Ouvi dizer que estava bem, que sua vida seguia...

Que conseguiu seguir, que as coisas estão em seu rumo...

Eu sindo muito, lamento.


Lamento por você não estar sentindo esse ódio que me toma,

lamento por a sua vida não ter sido descompassada,
por você não ter sido derrubado pelo furacão que nasceu em mim.
Eu sinto por você ter sido sempre tão"certo" .


Como disse você um dia, "acabou, isso prova que existiu..."

Sinto pelas borboletas que nunca passaram de lagartas em seu estômago.
Sinto pelas vezes que estive preso em seus olhos,
e pelas vezes que você quis que eu voasse, eu queria continuar em você...


Eu sinto por cada coisa que guardei,

por cada peso que carrego,
por lembranças de nós...

Eu lamento pelo aprendizado sobre ser um quando são dois,

eu profundamente lamento por tanta teoria...

Eu sinto muito por você estar bem, de verdade.
Eu queria que você tivesse sentido um pouco do que eu senti, 
que tivesse sofrido esse presente,
que fosse desconforto esse prazer.

Eu queria você sentindo como eu, queria continuar aprendendo com você...


domingo, 1 de maio de 2016

Me espera...

Perdido em fragmentos mal quebrados,
em sonhos que a noite não deixa acordar,
em bagunças que minha ordem luta para mentir,
em você, bagunçado...

Perdido em uma ordem dolorosa,
acostumado, mentindo e acreditando,
silenciando desejos,
afastando escuridões, clarões e verdades,
reprimindo trovões,
sendo meu por medo de ser seu,
clamando: tenta me reconhecer...

quinta-feira, 14 de abril de 2016

sei que você se importa...

chorando, sozinho em casa, eu te odeio...
odeio seus olhos,
seu cheiro,
odeio seu coração pulsando forte em nosso abraço,
odeio seus olhos refletindo o meu prazer,
e odeio sua doação,
odeio saber que você é o ninho que sempre quis, 
odeio nunca ter sabido tua idade,
e ainda assim ter a certeza de que você é o cara certo,
odeio cada sonho que tenho com você,
odeio o medo de estar sem você.
eu odeio seu cuidado comigo,
odeio os dias que não virão ao seu lado,
odeio tanto essa dor...
te odeio mesmo preso a você,
 e odeio cada uma das coisas que eu amo em você...

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

do outro lado, dentro de casa...


quando tudo parou, eu estava perdido em você,
em seus olhos sorridentes,
em seu sorriso de quem descobre o mundo,
e em meio a tantos mundos, tudo em você era maior,
um universo de possibilidades...

afoito, perdi as palavras, o jeito, a coragem,
e vi crescer a necessidade...
desejei que os silêncios que estavam em você,
quis a beleza das suas cores,
o aconchego da sua doçura,
quis que o tempo fizesse sua função, que passasse,
que você chegasse mais perto,
que o desejo se tornasse ato inevitável,
esperei pela hora exata do toque...
eu queria a imensidão que você representava.
queria o gosto do momento guardado em mim...

você era tão cheio de possibilidades...

parado, alheio à dança, e ainda assim tão cheio de músicas...
havia em seu silêncio uma melodia única...
cheio de descobertas, o dono do sorriso.
os doces e curiosos olhos que procuravam mais,
achavam em tudo a grandiosidade que só o simples pode expressar.
você era o melhor depois que eu queria ter...


por isso, agora...

sábado, 6 de fevereiro de 2016

O Médico, O Monstro e o Tempo...

Eu vejo os dias passando,
E estar com você, às vezes, me faz sentir sua falta sempre.
Eu sinto tanto por não sermos,
Por estarmos,
Eu desejo tanto...

Eu vejo as coisas mudando,
E sinto a distância se consolidar com toda essa proximidade que se consolida,
Eu não posso te tocar como eu quero...
Mas não quero correr o risco de ficar sem teu toque...

Eu sei, eu falo muito, mas não direi nada,
Continuarei preso em seus olhos,
Seguro em seus abraços,
Desesperado pela sua ordem,
Seguirei velando o sentimento criança, que nasceu mas não vingara...

Estou tão confuso com você,
Sem você...
Estou tão melhor por você...

Eu seguirei,
Não há caminho ruim, se bem aproveitado.

Eu estarei observando o tempo...