segunda-feira, 25 de maio de 2015

preces de domingo...

bendito seja esse ladrão que é o tempo.
no tempo certo,
ao certo que ainda dará tempo.
bendito seja...

benditas sejam tuas cores,
teus desenhos e tuas artes,
benditos sejam teus cantos de ninar
teu martírio ao acordar...

benditas sejam as vontades,
as necessidades em despir,
em descobrir,
e ventar...
bendita seja a necessidade de inventar esse sentimento,
e se não sobrou tempo para nos amarmos, 
que o tempo nos permita amar o que ele nos deu.
o muito que nos ofereceu,
que caiba tanta liberdade em uma cama só...

bendito seja o nosso Pai, 
benditas sejam as ligações,
as intervenções, interjeições,
benditos sejam os silênicos...

benditas sejam as noites que se repetirão,
benditas as manhãs com cheiro de café,
bendita seja minha fé...


quarta-feira, 20 de maio de 2015

sobre não ver, não duvidar; sobre entregar...

há muito peso em tantas verdades,
e há muito de mim aqui,
me sinto sufocado pela iminência do ser,
assustado pelo que você vê em mim...


afogado na umidade de seus olhos,
perdido na segurança do embargo da sua voz,
seguro em você,
nas suas verdades confortantes,

perdoe-me pela incredulidade dos meus desejos,
pelos medos norteadores,
e mais, perdoe-me pela vontade em possuir...

eu desejei a tempestade,
e agora não sei como suportar a chuva,
não há mais voo com tanto vento...

sua fragilidade real.
suas verdades reais,
há tanta entrega, que a segurança se faz certa em aceitar você...

quarta-feira, 13 de maio de 2015

acabou.

olhe para mim,
diga, quanto mais dessa carne ainda será rasgada?
quanto ainda essa dor irá ditar o ritmo da caminhada?
eu sa[n]gro, e isso me faz fraco
me faz tão mal quanto deixar de ser cego,
me faz perder a esperança,
e acreditar no tempo,
me faz reconhecer as feridas, aceitá-las...


eu sou soldado desfalecendo na trincheira,
eu estou cansado, ferido.
estou com frio.
não há mais forças para continuar
eu errei  em querer você,
hoje eu sei, nem todas as batalhas devem ser vividas...


eu não quis ver o que era claro,
me ceguei, mas agora é tempo de lucidez,
eu vejo você além de mim.
quanto ainda irei morrer aos poucos,
a cada foto, a cada pedaço de desprezo seu?
tudo em mim é dor,
não há mais carne que sinta a navalha
não há dor que supere a desse coração que não pára,
que insiste em arrastar meu tempo no sofrimento,

quanto ainda vou lembrar?!
eu quero voltar a ser cego
ou morrerei na luz,
estou cansado...

eu queria odiar, mas a dor ocupou tanto espaço,
fez tantas marcas, tantas feridas...
não tenho forças para odiar aquilo que amo...

quanto mais ainda vou viver essa morte cantada em dramas
quanto ainda preciso doer,
é prisão essa dor,
como soldado derrotado vou me encolher no chão e esperar a guerra acabar,
vou esperar o fim da glória,
do frio, da dor,
vou viver o fim...

quarta-feira, 6 de maio de 2015

partido[a]

tantas vezes já te pedi para ir embora,
já te implorei por um último gesto de humanidade...
tantas vezes já quis te ver saindo,
batendo a porta como quem conhece a certeza de que não irá voltar.
mas agora quem está saindo sou eu,
você não está pronto parar viver a dois,
e a três eu estou cansado,
enquanto você e seu passado forem pesados eu não os quero mais,
não há dor que eu possa suportar daqui em diante,
o peso dessa dor que você causa está maior que o peso do amor que tínhamos,
e quando a dor supera o amor, ele perde a dignidade,
se torna nocivo.

eu estou indo sem levar muita coisa,
vou deixar com a você a história; aumente seus passados.
mas estou indo enquanto ainda há amor,
enquanto a dor ainda é poesia,
vou sair enquanto a bagagem ainda cabe em um coração machucado...

tanto disse que te amava que está difícil de duvidar,
nesse momento há mais dores em estar que em partir,
então, estou indo embora.
fique com sua bagunça,
resolva seus medos
e não me convide mais para jantar,
não peça que eu ampare suas lágrimas,
eu não caibo na sua cama, 
e sem espaço não quero ficar na sua vida,
esqueça as promessas que me fez,
viverei sem elas,
só preciso estar longe...

preciso ir embora,
ironia, tantas vezes te pedi,
tantas vezes implorei pela sua partida que nunca acontecia,
acho que entendo você...
mas de fato, eu preciso...
não me peça pra ficar ou pra voltar, não me faça tanto mal assim...
vou embora e  levarei o pouco de amor que sobrou, e nem sei mais se é por você ou por mim.
mas estou indo...