domingo, 19 de outubro de 2014

O Doce Amargo da Sua Boca...

O grande se fazia maior.
Tudo era maior.
Até o silêncio quebrado pelos lábios era maior,
ao gritos seu coração insistia em atuar calmaria.
Sua boca, agora, amargamente doce cantava: 

"Deixa o moço bater
Que eu cansei da nossa fuga
Já não vejo motivos
Pra um amor de tantas rugas
Não ter o seu lugar"


E fora de você meu lugar era tão errado,
tão perdido na falta de espaço que esse vazio te causava.
Tudo estava tão grande que minhas medidas se perdiam em suspiros,
que minhas razões apenas aceitavam nossa soma.

Você é tão poesia que meus versos silenciavam, 
que o meu barulho se calou para melhor te ouvir, 
para não perder suspiros,
para melhor enxergar aquilo que os olhos cegaram.

Eu quis parar,
limpei seu doce amargo da boca,
E você, tímido, com sorrisos que me desarmavam,
cantava.
Cantava...


O Tamanho dos Espelhos D'água...

há tempestades que mais parecem garoas,
e ventos que destroem tanto em apenas refrescar,
há tamanhos que ainda desconhecemos,
nem todo o grande é maior que o pequeno, 
e, há em alguns pequenos tanto tamanho que mal cabem em algum lugar.


há tanto de mim em você que não me acho estando por perto,

me desconheço enquanto tento me explicar,
nosso corpo, um espelho.
nosso colo, a timidez desses tamanhos que não sabemos medir...


fujo de mim para estar em você,

para ser eu.
te explico quando me digo que sou,
e em você converto medidas, 
eu disfarço sentimentos sem tempo,
eu entendo o que não explicaremos,
e temo o que não se deve amar.


há tantos tamanhos em você que só cabem em mim,

e apertado, te faço conforto, te sou consolo,
um coração que não bate, um coração que dói,
por que sermos dois, encaixando tão bem em um?!


eu te divido enquanto me quebro,


e me entrego.
outros haverão, e nem todos sairão, mas só nesses tamanhos tortos haverá mais.



e a tempestade irá ser medida pelo estrago da renovação que ficará.