segunda-feira, 22 de setembro de 2014

dos que foram sem sair e dos que chegaram sem estar

...
perdoe meus atrasos, e eu continuarei te esperando...
eu vou organizando as coisas até você ficar pronto,
a casa estará em ordem, prometo.
faça mais por mim, procure e esqueça coisas,
não me pergunte sempre o que eu quero, às vezes eu também não sei,
às vezes eu nem quero nada.
Pare! não me olhe sempre como quem me vê por completo,
não saiba tanto de mim.
mas não me olhe se não for com verdade,
se não for para enxergar quem eu sou, meu raso e meu profundo,
esmiúce meus abismos e corra em minhas planices,
abrigue-se em minhas cavernas.
me seja, mas se pertença.
saiba que nem sempre vou querer sexo,
mas nunca levarei a vida sem gozo.
sorria sempre que possível,
e chore quando sentir a confortável necessidade disso
gosto das manhãs ao seu lado, mas to pensando em algo maior
um tempo que ainda não sei medir.
sim, vamos brigar;
mas não, eu não te odeio, apenas minto bem.
direi que te amo, e você ira ficar com medo.
entendo, eu também ficaria, me conheço.
minhas verdades mutáveis às vezes insistem em ser estáticas,
nem vou continuar mudando.
sejamos dois,
somar sempre é mais bonito que igualar.
e então seremos livres, mesmo atrasados em chegar.
...

sábado, 20 de setembro de 2014

O fim da noite

Peguei o copo, 
algumas bebidas nunca esquentam,
assim como alguns corações.


Eu poderia beber esse último gole,
podia provar mais um pouco do seu veneno,
ou vomitar tudo que bebi de você.
Eu ainda sinto o gosto amargo das suas promessas,
e ainda tenho pesadelos com seu sorriso,
nossa última conversa me tortura no silêncio.

Eu queria gritar até te odiar menos,
Ou melhor; queria, na verdade, que você fosse digno pelo menos do meu ódio.
Estou arrancando você de cada pedaço do meu corpo dolorido,
você deixou marcas, e hematomas não são troféus.

Eu queria esquecer do sol se pondo sobre você na cama,
e queria minhas manhãs de volta,
queria o tempo dos cuidados que te dei
às vezes odeio tanto meu passado,
mas sempre me absolvo quando lembro que odiar mentiras é santo.

Bebi, copo vazio.
Sem crises morais, a ressaca virá.
Não sobrarão lembranças do porre que foi,
e nada que eu esqueci será digno de lembrar.