sábado, 28 de fevereiro de 2015

[Ha]migos, [a]deus...

então acaba assim,  com dor.

me despeço, com esse último e não menos doloroso adeus.
te sepulto em boa terra,
com boas lembranças,
com doces saudades,
mas com muita dor,
como não poderia deixar de ser.

te aceitei em dores,
te criei e alimentei em dores,
te quis, e como eu te quis...


e quando me rejeitou,
vivi em dores.

sonhei e desejei.

ambicionei e tentei fazer das dores amenidades,
afinidades.
mas ainda eram dores.
ainda apertavam,
ainda sufocavam e doíam,
eu ainda amava...


então decidi, eu te amo.
mas como a mãe que enterra o filho eu me despeço de você.
choro e grito em teu sepulcro,
mas te enterro.
te deixo só, ao frio que não me coube evitar,
te deixo repousar onde não alcançarei.
te olho, deixo flores,
e com um consolo que só a dor pode dar,
beijo o frio,
olho em mim, e me desprendo de você,
estou indo.

eu viverei sem a dor do adeus,
de agora em diante serei saudade,
serei mãe sem filho.
desejo, repulsa e culpa de si.


eu sou adeus de você. 

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

querido, eu estou indo embora.

eu sei que é tarde e pode ser perigoso, mas nada será mais ferino que dormir ao seu lado sem estar em você.
nada doerá mais que essa ausência, essa distância de roupas.
não se preocupe com os meus medos, eu cresci.
não perca seu sono.
e quando eu voltar a te ouvir, me chame pelo nome, por favor...


lembra quando éramos dois?! voltará a ser igual.

lembre-se, sempre amanhecerá, ainda que as noites pareçam infinitas, nosso amor era infinito, mas sempre amanhecerá.

querido, estou com um pouco de pressa e sem espaço nessa fuga, pego minhas coisas amanhã, ou deixe-as com alguém.



fiquei bem, eu estarei melhor quando amanhecer.



Ps.: quando terminar de ler esse bilhete, rasgue-o. não precisamos de lembranças para avivar as marcas desse amanhecer.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Prioridades

tanta gente boa pra eu ler,
tanta gente à toa pra eu ser,
e eu aqui, pensando em ter você...

o vento das suas asas

e de tanto amar a liberdade me prendi a você...

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Falar/Pedir/Implorar Sempre Sentir, Às vezes fingir...

Meus lábios dizem:

-Eu te amo, somos amigos. Você é tão especial, somos igualmente complementares.

Meu corpo pede:

- Chega mais perto, toca ele novamente, sente o cheiro dele, a respiração...

Meu coração implora:

- Abraça, nos compassa com o coração dele. Entenda o silêncio dele como permissão. Você viu o pedido silencioso dos olhos dele.


Eu te olho, esboço um sorriso e continuamos nossa conversa sobre o tamanho dos nossos egos, e nosso peculiar gosto musical. Somos amigos.

das mortes que me acometem.

Sim, há muito querer em mim.

Muitos deles estão apenas em meus desejos, estão em minhas torturas inatingíveis, longe das minhas mãos e dentro do meu coração. Mas esses não são um problema, são apenas um estímulo, são a garra que preciso para prosseguir, ir além.

O que mata, são as coisas que reprimimos, as que bloqueamos na ingênua tentativa de minimizar as "tragédias", essas sim, são piores.

Não as matamos, apenas tentamos conte-las, mas elas ficam vivas, crescendo de forma latente e avassaladora dentro de nós; e para crescerem elas precisam de espaço e para isso vão corroendo, destruindo tudo que acreditávamos estar certo, estar firme em alicerces que criamos baseados em desejos de não nos ferirmos.

O que bloqueamos não morre, apenas mata.

É difícil lidarmos com essas coisas. Difícil entender e aceitar aquilo que não sabemos não querer/poder.

Bloquear sentimentos até pode ser enganar aos outros, mas é aceitar matar a nós mesmos, é um suicídio mais lento e doloroso que qualquer outro conhecido/imaginado.


Não tenho moral pra falar sobre encarar de frente seus sentimentos, sobre aceitar o que cresce sem parar dentro de cada um de nós, mas me falta coragem para o suicídio, para a dor de ser decomposto vivo.

Encarar nossos sentimentos, mesmo que começando por outros ângulos, ainda é melhor que aceitar a lenta lepra que o bloquear-los causa.

domingo, 1 de fevereiro de 2015

das análises dos desejo.

toquei seus lábios,
te pedi silêncio.
cheguei mais perto.
nossos olhos se cruzaram, me perdi.
esqueci da fala, do ar;

eu vi você.
senti teu cheiro,
te senti me invadindo,
mas teu ego era muito grande,
faltava espaço dentro de mim,
voltei.

respirei, eu precisava de ar, de espaço,
precisava de você.

soltei teus lábios, 
me afastei dos teus olhos, 
dominei meus desejos,
sorrimos de forma equivocada.

estamos bem, ainda somos amigos.