sábado, 7 de novembro de 2015

malinha de mão...

eu tenho um pedacinho,
um coração doloridinho,
um lugar e um caminho...

eu tenho um pouco de dúvida,
e uma certeza bem cretina, 
uma vontade sem vergonha...

eu tenho medo,
insegurança,
e nem tenho nada...

eu tenho sido eu,
tantos,
ninguém...

eu ando atoa,
ator,
tenho um finzinho de história pela metade...

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Logo ali, no futuro...


Acordo assustado, amanheceu e a cama está vazia.

Rolo até o outro lado da cama apenas para me enrolar no teu calor, para sentir teu cheiro tão presente no travesseiro.
Rápida a memória aviva o gosto do teu corpo;  em resposta, a boca saliva o desejo de ter você em mim, mas amanheceu...


Saiu da cama, caminho lenta e preguiçosamente até a sala...

Você está sentado, de cueca, lendo Gaarder.
O sol da manhã ilumina teus desenhos, banha tua pele e aquece meu coração...


Os óculos, o café, o cachorro deitado no chão, você tão presente na distância da entrega, o silêncio, tudo tão espontaneamente milimetrado, cada coisa a seu lugar, minha prova de que o paraíso cabe em pouco espaço e pequenos raios de sol da manhã...



Eu fico ali, parado, eternizando.



E então eu entendo, amores de uma madrugada devem nos inundar em doses homeopáticas, se possível.

... salve-me




eu sinto cheiro de prazer no seu sopro de vida,
sinto a manhã acordando meu coração,
e sinto a vida começar quando você me toca...


quarta-feira, 14 de outubro de 2015

https://www.youtube.com/watch?v=2EwViQxSJJQ

Saia.
Baixe sua mão, baixe sua voz.
Mantenha a distância ao pegar suas coisas...

As coisas mudaram,
sem gritos,
sem marcas,
sem "nós", 
agora sou eu,
e você longe o suficiente para não me ferir...

Vá, já demoramos muito,
há histórias que ficam melhor no passado...
Leve suas coisas, guarde o que puder.
Me olhe nos olhos pela última vez,
e veja como estou mais forte,
mesmo estando mais dolorido e mais marcado.

Cale-se,
sua voz doce machuca tanto quanto sua mão pesada.


Feche a porta,
faça seu caminho só de ida,
toque sua vida,
e acima de tudo não toque mais em mim...

Apenas vá, saia da minha vida,
mas não esqueça dos meus olhos feridos
das marcas que não se apagarão,
e do preço que teve minha liberdade,
leve com você o peso de cada lembrança,
a dor de cada marca,
e a certeza do fim...

domingo, 2 de agosto de 2015

da leveza do tempo...

então é assim, aconteceu...
finalmente o tempo se fez acidente,
finalmente a ferida fechou,
sem marcas, sem cicatrizes,
sem rancor e sem amor.

finalmente eu olho para você sem dor,
eu olho você e vejo você, simples.

finalmente estou livre de mim,
livre dos desejos que alimentei,
das paixões que foram acalentadas pelo tempo,
finalmente há vento para levar...

indo, finalmente móvel de mim...
livre em voltar a sentir o gosto mais profundo,
em enxergar além da neblina...

aconteceu, simples como não foi...

domingo, 26 de julho de 2015

Tempo

Há tempo.

Ainda há tempo.


Eu vou estar em casa, só, e vou doer sua falta.

Eu vou acordar e achar que o dia está errado,
que as coisas estão fora do lugar,
que o sol não deveria ter nascido,
e que é um absurdo o tempo não parar se você não está aqui.
Eu tenho a certeza que seu lugar é em mim.

Há tempo.
Ainda haverá tempo.

Eu serei nostalgia em manhãs sem teu cheiro.
Serei espaço em uma cama vazia,
e talvez eu seja dor em uma cama a três, eu, qualquer outro e a lembrança...
Eu serei a prece para a cura do tempo...

Há tempo.
Ainda virão tempos...

Virão tempos em que eu cicatrizarei.
Virão tempos que as lembranças serão compartilhadas com sorrisos,
tempos que em nossos plurais voltarão a ser prazer.

Até lá, enquanto o tempo passa,
até que chegue o tempo certo, eu peço, esteja comigo,
será mais fácil ao seu lado,
Vamos aprender juntos a passar o pelo tempo até o tempo certo que há de vir.


segunda-feira, 20 de julho de 2015

por esses dias...

o tempo passa sem pressa,
em marcas que desenham meu rosto,
se arrastando em dores que aos poucos matam,
o tempo se faz carrasco de uma prisão que eu quis estar...

os dias são pequenas eternidades feitas para doer,
e fugir é ilusão.
há tanto sentimento preso nesse silêncio,
há tanta dor viva e pulsante nessa morte.

eu reprimi palavras, e represadas elas me ameaçam,
crescem e forçam meu peito em uma provável explosão...

cego eu ainda mantenho as portas abertas,
e cansado ainda espero você voltar, 
não espero mais pelo amor que você dizia sentir,
mas pela presença que acostumamos a ter,
espero pelo espaço no seu abraço...

eu tenho acompanhado você de longe, esperando por um sinal,
tenho aprendido a ter fé em verdades passadas, em certezas bêbadas,
faça sua parte, por favor...

quarta-feira, 17 de junho de 2015

vulnerabilidade

quando entrei, cobria minha nudez com frágeis mentiras,
escondia minhas vergonhas em falsas certezas...
nu, me sentindo vivo pelo frio que cortava,
sozinho de mim, 
acompanhado de você,
morrendo verdades...

quando entrei teu, me fiz tão meu que nem suportava tal peso.
nu, me dispus a você,
à transparência dos seus olhos,
ao chão da sua voz,
ao doce de sua atenção.

talvez meu medo tenha te assustado, 
talvez tenha sido frágil minha força em negar,
mas foi entrega minha honestidade,
foram verdades que só a você confiei.

há em mim mais medos que a luz poderia mostrar,
e há em você tanta paixão em descobrir,
tanta segurança em permitir,
há tanto conforto que agora que entrei não quero sair...

domingo, 14 de junho de 2015

"moscas en la casa..."

... simples como Shakira cantou.



segunda-feira, 25 de maio de 2015

preces de domingo...

bendito seja esse ladrão que é o tempo.
no tempo certo,
ao certo que ainda dará tempo.
bendito seja...

benditas sejam tuas cores,
teus desenhos e tuas artes,
benditos sejam teus cantos de ninar
teu martírio ao acordar...

benditas sejam as vontades,
as necessidades em despir,
em descobrir,
e ventar...
bendita seja a necessidade de inventar esse sentimento,
e se não sobrou tempo para nos amarmos, 
que o tempo nos permita amar o que ele nos deu.
o muito que nos ofereceu,
que caiba tanta liberdade em uma cama só...

bendito seja o nosso Pai, 
benditas sejam as ligações,
as intervenções, interjeições,
benditos sejam os silênicos...

benditas sejam as noites que se repetirão,
benditas as manhãs com cheiro de café,
bendita seja minha fé...


quarta-feira, 20 de maio de 2015

sobre não ver, não duvidar; sobre entregar...

há muito peso em tantas verdades,
e há muito de mim aqui,
me sinto sufocado pela iminência do ser,
assustado pelo que você vê em mim...


afogado na umidade de seus olhos,
perdido na segurança do embargo da sua voz,
seguro em você,
nas suas verdades confortantes,

perdoe-me pela incredulidade dos meus desejos,
pelos medos norteadores,
e mais, perdoe-me pela vontade em possuir...

eu desejei a tempestade,
e agora não sei como suportar a chuva,
não há mais voo com tanto vento...

sua fragilidade real.
suas verdades reais,
há tanta entrega, que a segurança se faz certa em aceitar você...

quarta-feira, 13 de maio de 2015

acabou.

olhe para mim,
diga, quanto mais dessa carne ainda será rasgada?
quanto ainda essa dor irá ditar o ritmo da caminhada?
eu sa[n]gro, e isso me faz fraco
me faz tão mal quanto deixar de ser cego,
me faz perder a esperança,
e acreditar no tempo,
me faz reconhecer as feridas, aceitá-las...


eu sou soldado desfalecendo na trincheira,
eu estou cansado, ferido.
estou com frio.
não há mais forças para continuar
eu errei  em querer você,
hoje eu sei, nem todas as batalhas devem ser vividas...


eu não quis ver o que era claro,
me ceguei, mas agora é tempo de lucidez,
eu vejo você além de mim.
quanto ainda irei morrer aos poucos,
a cada foto, a cada pedaço de desprezo seu?
tudo em mim é dor,
não há mais carne que sinta a navalha
não há dor que supere a desse coração que não pára,
que insiste em arrastar meu tempo no sofrimento,

quanto ainda vou lembrar?!
eu quero voltar a ser cego
ou morrerei na luz,
estou cansado...

eu queria odiar, mas a dor ocupou tanto espaço,
fez tantas marcas, tantas feridas...
não tenho forças para odiar aquilo que amo...

quanto mais ainda vou viver essa morte cantada em dramas
quanto ainda preciso doer,
é prisão essa dor,
como soldado derrotado vou me encolher no chão e esperar a guerra acabar,
vou esperar o fim da glória,
do frio, da dor,
vou viver o fim...

quarta-feira, 6 de maio de 2015

partido[a]

tantas vezes já te pedi para ir embora,
já te implorei por um último gesto de humanidade...
tantas vezes já quis te ver saindo,
batendo a porta como quem conhece a certeza de que não irá voltar.
mas agora quem está saindo sou eu,
você não está pronto parar viver a dois,
e a três eu estou cansado,
enquanto você e seu passado forem pesados eu não os quero mais,
não há dor que eu possa suportar daqui em diante,
o peso dessa dor que você causa está maior que o peso do amor que tínhamos,
e quando a dor supera o amor, ele perde a dignidade,
se torna nocivo.

eu estou indo sem levar muita coisa,
vou deixar com a você a história; aumente seus passados.
mas estou indo enquanto ainda há amor,
enquanto a dor ainda é poesia,
vou sair enquanto a bagagem ainda cabe em um coração machucado...

tanto disse que te amava que está difícil de duvidar,
nesse momento há mais dores em estar que em partir,
então, estou indo embora.
fique com sua bagunça,
resolva seus medos
e não me convide mais para jantar,
não peça que eu ampare suas lágrimas,
eu não caibo na sua cama, 
e sem espaço não quero ficar na sua vida,
esqueça as promessas que me fez,
viverei sem elas,
só preciso estar longe...

preciso ir embora,
ironia, tantas vezes te pedi,
tantas vezes implorei pela sua partida que nunca acontecia,
acho que entendo você...
mas de fato, eu preciso...
não me peça pra ficar ou pra voltar, não me faça tanto mal assim...
vou embora e  levarei o pouco de amor que sobrou, e nem sei mais se é por você ou por mim.
mas estou indo... 

segunda-feira, 27 de abril de 2015

ode ao ódio de amar

eu te odeio.
sim, ódio é muito forte,
mas nada em nós fui fraco alguma vez.
eu te odeio e não nos culpo por isso,
te odeio e desejamos nos odiar,
somos complementares,
sentimos sem a necessidade de nos explicarmos,
te odeio em tempos que ainda não sei precisar,
e sempre enquanto te amar vou querer/tentar te odiar...

sábado, 25 de abril de 2015

faxina

quase tudo pronto.
janelas abertas, o sol e o vento dançam pelas cortinas...

louça guardada,
casa limpa,
cama arrumada,
o cheiro de limpeza enche a casa...

tudo limpo e quase tudo organizado.
quase tudo em seu lugar,
agora só falta você em mim...

segunda-feira, 20 de abril de 2015

quando eu vi você.


ah se meus desejos se enrijecessem em suas carnes,
se eu me enroscasse em teus cabelos de bagunça métrica,
ah se tanta luz não cegasse...
mas eu senti você.

queria eu, ser achado por olhos tão perdidos,
por esse riso de canto de boca, por esse escracho que não some,
queria eu, estar correndo perigo em curvas tão certas,
em caminhos tão inseguros...
eu vi você.


ah se eu entendesse a doma que essa fera insiste em  prender-se,

se eu tivesse o poder de libertar os desejos que calamos,
se fossemos entrega.
eu quis adentrar suas portas esquecidas,
em você encontrar caminhos ainda existentes,
eu senti você.


queria eu ser possuído por aquilo que só eu via em você,

que só você sabia existir,
eu queria aquilo que gritava em seu silêncio.
ah se tuas prisões arrancassem de mim o gozo que todos guardamos para você
se de tuas montanhas emanasse leite e mel...
se teu santuário profanasse minhas santas verdades.
eu quis entrar onde ninguém consegue sair.
eu vi você.

queria eu, ter você,
mas você se esconde em sua particularidade,
em seu mundo encantado,
você reina onde te faltam súditos,
onde te sobram confortos,
ah se você soubesse das guerras que pode ganhar,
se soubesse dos territórios que ainda pode conquistar,
eu sei de você.




sábado, 11 de abril de 2015

previsão de tempos

doce é o mar que você fez de mim...
eu tinha dúvidas, tinha certezas, parecia completo,
eu tinha verdades para profanar e mentiras para me defender,

mas em segredo, confesso: sabia que me faltava você.
Talvez faltasse tuas verdades doloridas que tiram meu chão,
mas que aos poucos vão devolvendo meus caminhos, 
que deixam meus voos seguros.

como pode alguém que eu luto para ser estranho estar tão íntimo,
você gosta tanto do que diz ser eu,
e você é tão seguro em ser fiel,
tenho medo do desejo que sinto em seus olhos úmidos,
e desejo que meu medo em estar sem você não me consuma.

com o tempo acreditarei em suas promessas,
e com um tempo maior, não precisaremos mais delas,
gosto da sua voz de atenção que me dá conforto,
e da sua liberdade que faz acreditar em mim.

talvez as coisas mudem ,
talvez eu fique mudo, e em silêncio te implorarei ajuda,
eu sei, doce é o mar que você traz em mim...

bilhetinho de adeus.

desculpa, mas não estarei em casa quando você chegar.
tive que sair,
fui ver meus dias passarem em outros lugares,
fui buscar um pouco de falta em outras vontades.

não volto logo, não espere.
e não se demore,
está casa não está mais sendo sua.
está casa não está mais sendo lar.

deixe tudo que for meu no lugar que está, junto tudo depois.
não quis organizar nada,
a bagunça será necessária para lembrar futuras comparações.
não beba toda água, não mexa nos meus quadros,
deixe tudo fora de esquadro, tudo fora de ordem,
não ouse deixar ordens disfarçadas de lembranças e boa vontade.

aliás, não me desculpe por nada.
não desejo nem desculpas vindas de você.
quando eu voltar, queimo o que restou de memória.
mato o que sobrar de tempo,
descarto o que eu julgar lixo.

e se eu desistir de voltar,
não te aviso.
tudo ficará jogado onde está,
simples como fui sua escolha em desistir.

sábado, 4 de abril de 2015

do começo...

eu tive medo de você,
sabia que se te convidasse pra entra você se faria dono da casa...

decisão difícil...

eu queria alguém para contar a verdade,
queria poder sentir o pesa da nudez,
me sufocavam as armaduras,
e sim, não sei ser diferente: tudo ou nada...

decisão difícil...

eu não confiava em você,
nem acreditava em seus doces olhos,
sua voz que parecia tão segura me dava mais medo,
as pessoas mentem, e você insistia em se parecer uma pessoa.

eu tive medo de você,
sabia que você saberia por andar mesmo que eu não te desse o mapa...

decisão difícil...

tudo em você parecia um problema,
tudo em com você seria exposição.

decisão difícil...


e então abri a porta, te pedi para entrar, para não reparar a bagunça, para achar um lugar para sentar, para achar um lugar para ficar...
vamos conversar, ajustar as coisas...

quero você.

terça-feira, 17 de março de 2015

Os Segredos dos seus lábios

eu quis beijar seus lábios quentes,
quis beber em seus úmidos lábios do gozo que guardavam,
me aproximei.

senti seu doce aroma de canela quente,
admirei-os por um instante,
o sagrado parecia estar diante de mim,
afoito, ríspido, querendo engolir-te, me contive.
me afastei, te olhei nos olhos,
eu precisava me achar em você antes de entrar em você,
sussurrei barbaridades, acariciei seus seios e desci aos seus lábios novamente.

te percorri com minha língua tremula de desejo,
lambi seus lábios até que ficassem úmidos de mim, úmidos por mim.
te beijei levemente, como quem desconhece essa arte,
beijei seus lábios como se beija as virgens e castas donzelas.
e no primeiro acorde de gemido teu, tive seu gosto me invadindo.

como a fera busca a caça, não me contive.
te invadi.
meti minha língua entre seus lábios, 
beijei-te afoitamente,
suguei, sorvi do seu mel.
chupei como quem arranca o próprio sopro de vida,
desesperado pelo meu prazer,
movido pelo teu prazer.

seus quentes e úmidos lábios rijos em minha boca
faziam o meu paraíso ter endereço,
e entre a prisão de suas pernas senti liberdade,
beijei seus lábios que eram ocos de língua,
mas que me enchiam de você.
explorei seu paraíso com a língua,
me fartei em você,
beijei até sentir teus lábios relaxados em minha boca.

e então pude voltar aos seus olhos,

e encontrar sua boca.


domingo, 8 de março de 2015

ai de mim, ilusões...

ai de mim se não soubesse dizer adeus,
se não conseguisse soltar das mãos aquilo que não tenho mais forças para segurar,
ai de mim se não continuasse andando mesmo quando a estrada termina,
se me perdesse cada vez que não te acho
ai de mim se eu doesse essas perdas,
se eu esquecesse de parar com essa procura,
ai de mim se revivesse lembranças a cada minuto,
se esquecesse os dias de agora preso aos lamentos de ontem,
ai de mim se eu fosse seu, mesmo não sendo você dono de ninguém...


ai de mim se eu abrir os olhos...

sábado, 28 de fevereiro de 2015

[Ha]migos, [a]deus...

então acaba assim,  com dor.

me despeço, com esse último e não menos doloroso adeus.
te sepulto em boa terra,
com boas lembranças,
com doces saudades,
mas com muita dor,
como não poderia deixar de ser.

te aceitei em dores,
te criei e alimentei em dores,
te quis, e como eu te quis...


e quando me rejeitou,
vivi em dores.

sonhei e desejei.

ambicionei e tentei fazer das dores amenidades,
afinidades.
mas ainda eram dores.
ainda apertavam,
ainda sufocavam e doíam,
eu ainda amava...


então decidi, eu te amo.
mas como a mãe que enterra o filho eu me despeço de você.
choro e grito em teu sepulcro,
mas te enterro.
te deixo só, ao frio que não me coube evitar,
te deixo repousar onde não alcançarei.
te olho, deixo flores,
e com um consolo que só a dor pode dar,
beijo o frio,
olho em mim, e me desprendo de você,
estou indo.

eu viverei sem a dor do adeus,
de agora em diante serei saudade,
serei mãe sem filho.
desejo, repulsa e culpa de si.


eu sou adeus de você. 

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

querido, eu estou indo embora.

eu sei que é tarde e pode ser perigoso, mas nada será mais ferino que dormir ao seu lado sem estar em você.
nada doerá mais que essa ausência, essa distância de roupas.
não se preocupe com os meus medos, eu cresci.
não perca seu sono.
e quando eu voltar a te ouvir, me chame pelo nome, por favor...


lembra quando éramos dois?! voltará a ser igual.

lembre-se, sempre amanhecerá, ainda que as noites pareçam infinitas, nosso amor era infinito, mas sempre amanhecerá.

querido, estou com um pouco de pressa e sem espaço nessa fuga, pego minhas coisas amanhã, ou deixe-as com alguém.



fiquei bem, eu estarei melhor quando amanhecer.



Ps.: quando terminar de ler esse bilhete, rasgue-o. não precisamos de lembranças para avivar as marcas desse amanhecer.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Prioridades

tanta gente boa pra eu ler,
tanta gente à toa pra eu ser,
e eu aqui, pensando em ter você...

o vento das suas asas

e de tanto amar a liberdade me prendi a você...

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Falar/Pedir/Implorar Sempre Sentir, Às vezes fingir...

Meus lábios dizem:

-Eu te amo, somos amigos. Você é tão especial, somos igualmente complementares.

Meu corpo pede:

- Chega mais perto, toca ele novamente, sente o cheiro dele, a respiração...

Meu coração implora:

- Abraça, nos compassa com o coração dele. Entenda o silêncio dele como permissão. Você viu o pedido silencioso dos olhos dele.


Eu te olho, esboço um sorriso e continuamos nossa conversa sobre o tamanho dos nossos egos, e nosso peculiar gosto musical. Somos amigos.

das mortes que me acometem.

Sim, há muito querer em mim.

Muitos deles estão apenas em meus desejos, estão em minhas torturas inatingíveis, longe das minhas mãos e dentro do meu coração. Mas esses não são um problema, são apenas um estímulo, são a garra que preciso para prosseguir, ir além.

O que mata, são as coisas que reprimimos, as que bloqueamos na ingênua tentativa de minimizar as "tragédias", essas sim, são piores.

Não as matamos, apenas tentamos conte-las, mas elas ficam vivas, crescendo de forma latente e avassaladora dentro de nós; e para crescerem elas precisam de espaço e para isso vão corroendo, destruindo tudo que acreditávamos estar certo, estar firme em alicerces que criamos baseados em desejos de não nos ferirmos.

O que bloqueamos não morre, apenas mata.

É difícil lidarmos com essas coisas. Difícil entender e aceitar aquilo que não sabemos não querer/poder.

Bloquear sentimentos até pode ser enganar aos outros, mas é aceitar matar a nós mesmos, é um suicídio mais lento e doloroso que qualquer outro conhecido/imaginado.


Não tenho moral pra falar sobre encarar de frente seus sentimentos, sobre aceitar o que cresce sem parar dentro de cada um de nós, mas me falta coragem para o suicídio, para a dor de ser decomposto vivo.

Encarar nossos sentimentos, mesmo que começando por outros ângulos, ainda é melhor que aceitar a lenta lepra que o bloquear-los causa.

domingo, 1 de fevereiro de 2015

das análises dos desejo.

toquei seus lábios,
te pedi silêncio.
cheguei mais perto.
nossos olhos se cruzaram, me perdi.
esqueci da fala, do ar;

eu vi você.
senti teu cheiro,
te senti me invadindo,
mas teu ego era muito grande,
faltava espaço dentro de mim,
voltei.

respirei, eu precisava de ar, de espaço,
precisava de você.

soltei teus lábios, 
me afastei dos teus olhos, 
dominei meus desejos,
sorrimos de forma equivocada.

estamos bem, ainda somos amigos.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Vendo luzes que não se alcançam...

Eu vejo tantas luzes nesse pântano,
Eu vejo as luzes que não posso alcançar 
Elas estão se movendo 
Isso não é bom 
Eu vim atrás de você
E não me movo mais 
Estou preso

Há luzes mas eu não as toco
Olhe em volta 
Me procure dentro de você
Me encontre na luz
Ou me perca no seu medo

Eu queria gritar, pedir ajuda
Mas eu não me movo.
Estou preso
isso não é bom 
Eu apenas vejo as luzes,

Me leve daqui, 
Eu vim atrás de você
Eu segui as luzes, 
Não podia imaginar que escondiam o pântano 
 Me leve daqui,
Estou preso 

Isso não é bom...

sábado, 3 de janeiro de 2015

vá, em silêncio!

cale-se!

não me peça para ouvir mais nada,
está tarde e sua voz se perde nesse escuro.
feche sua boca como fechou seu coração.

cale-se.

não perturbe meus gritos com sua voz mansa,
não me olhe nos olhos, há pouca luz agora.
evite carinhos nesse momento,
me deixe odiar você,
eu preciso nos libertar.

cale-se,

suas explicações me matam,
leve-as com você,
dê a outro tudo que manteve em morte.
arranque de mim esse cheiro que te pertence,
deixe minha cama vazia,
eu só quero o que é meu, jamais te pediria o que fingiu me dar,

cale-se!

o silêncio não pode ser tão difícil para um mentiroso,
vá embora.
não me obrigue a sair agora,
não me faça gritar mais alto,
não me deixe doer mais forte,
saia e aos poucos vou por tudo em ordem.

apenas, cale-se e saia.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

A falta no que se tem

Embora eu tivesse o sim, sentia falta das vontades...
Sentia falta de despertar...


Eu e meus tempos corridos,
minhas corridas do tempo,
corridas contra esse tempo que não venço,
contra o que contraria minha vontade de correr...



Embora eu tivesse a certeza, sentia falta das verdades...

Sentia falta de crer...



Eu meus medos insanos,

minhas ânsias,
esses apertos que sufocam,
que reprimem e quase matam, apenas para provar que estou vivo.



Eu minha solidão,
meus espaços,
meus gritos que ecoam, apenas para atordoar,
que mostram a distância entre o vazio e a aceitação.


Embora eu tivesse a liberdade, sentia falta de mim...