olhe
para mim,
diga, quanto mais dessa carne ainda será rasgada?
quanto
ainda essa dor irá ditar o ritmo da caminhada?
eu
sa[n]gro, e isso me faz fraco
me faz
tão mal quanto deixar de ser cego,
me faz
perder a esperança,
e acreditar no tempo,
me faz
reconhecer as feridas, aceitá-las...
eu sou
soldado desfalecendo na trincheira,
eu
estou cansado, ferido.
estou
com frio.
não há
mais forças para continuar
eu
errei em querer você,
hoje eu sei, nem
todas as batalhas devem ser vividas...
eu não
quis ver o que era claro,
me
ceguei, mas agora é tempo de lucidez,
eu
vejo você além de mim.
quanto
ainda irei morrer aos poucos,
a cada
foto, a cada pedaço de desprezo seu?
tudo
em mim é dor,
não há
mais carne que sinta a navalha
não há dor que supere a desse coração que não pára,
que
insiste em arrastar meu tempo no sofrimento,
quanto
ainda vou lembrar?!
eu
quero voltar a ser cego
ou
morrerei na luz,
estou
cansado...
eu
queria odiar, mas a dor ocupou tanto espaço,
fez
tantas marcas, tantas feridas...
não
tenho forças para odiar aquilo que amo...
quanto
mais ainda vou viver essa morte cantada em dramas
quanto
ainda preciso doer,
é prisão essa dor,
como
soldado derrotado vou me encolher no chão e esperar a guerra acabar,
vou
esperar o fim da glória,
do
frio, da dor,
vou viver o fim...
vou viver o fim...
Nenhum comentário:
Postar um comentário