quarta-feira, 13 de maio de 2015

acabou.

olhe para mim,
diga, quanto mais dessa carne ainda será rasgada?
quanto ainda essa dor irá ditar o ritmo da caminhada?
eu sa[n]gro, e isso me faz fraco
me faz tão mal quanto deixar de ser cego,
me faz perder a esperança,
e acreditar no tempo,
me faz reconhecer as feridas, aceitá-las...


eu sou soldado desfalecendo na trincheira,
eu estou cansado, ferido.
estou com frio.
não há mais forças para continuar
eu errei  em querer você,
hoje eu sei, nem todas as batalhas devem ser vividas...


eu não quis ver o que era claro,
me ceguei, mas agora é tempo de lucidez,
eu vejo você além de mim.
quanto ainda irei morrer aos poucos,
a cada foto, a cada pedaço de desprezo seu?
tudo em mim é dor,
não há mais carne que sinta a navalha
não há dor que supere a desse coração que não pára,
que insiste em arrastar meu tempo no sofrimento,

quanto ainda vou lembrar?!
eu quero voltar a ser cego
ou morrerei na luz,
estou cansado...

eu queria odiar, mas a dor ocupou tanto espaço,
fez tantas marcas, tantas feridas...
não tenho forças para odiar aquilo que amo...

quanto mais ainda vou viver essa morte cantada em dramas
quanto ainda preciso doer,
é prisão essa dor,
como soldado derrotado vou me encolher no chão e esperar a guerra acabar,
vou esperar o fim da glória,
do frio, da dor,
vou viver o fim...

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