quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

tão fora do lugar,


garoto perfeito.
tão cheio de certezas mutáveis. tão,
colorido em tons de terra,
grande além do horizonte,
como o longe que chega perto do céu, ou às portas do inferno. tão,

garoto perfeito.
cheio de sonhos, e de tempo para realizar o sonhos alheios. tão,
confortável como berço,
forte como a memória 

você seria o homem certo, caso já fosse homem.
tão encrenqueiro.
cheio de medos agressivos,
de lágrimas ferinas,
o dono das verdades. tão,
garoto perfeito.

tanto medo em nunca amar. tão,
abusado pela crença na inexistência do incondicional. tão,
tolo.
preferiu arrancar seus olhos por medo de continuar enxergando o que não sabia explicar.
racional como uma fabula,
garoto perfeito.

cheio de tempestades,
cheirando a manhãs de verão. tão
arrebatador em me bagunçar,
tão encrenqueiro.
tão teu que implora por ser de alguém incondicionalmente. tão,
o garoto perfeito, pra mim.


segunda-feira, 24 de novembro de 2014

a ausência de quem não sai...

-Saia, é uma ordem! Eu não te dou mais esse espaço que você não quis.

(...)

Eu imploro, não me imponha a minha própria loucura.
Não me force a te amar.
Não me ensine a viver de migalhas.
Esteja ao me lado, se faça presente,
Me cause arrepios.
Cante pra mim, na cama, depois do sexo, ainda que antes do amor.
Esteja em mim por vontade sua, não por necessidade minha.
Ou saia.
Não quero mais gritar, estou pedindo com o resto de força que há em mim.
Vá embora.
Por favor saia do meu coração, me deixe só.
Me conforte com sua ausência,
Estarei melhor sem o que não tenho.
E do desejo farei lembrança,
Vá, estou implorando,

Não há mais dignidade para que eu possa te pedir isso de outra forma,
Por favor, vá embora...

domingo, 19 de outubro de 2014

O Doce Amargo da Sua Boca...

O grande se fazia maior.
Tudo era maior.
Até o silêncio quebrado pelos lábios era maior,
ao gritos seu coração insistia em atuar calmaria.
Sua boca, agora, amargamente doce cantava: 

"Deixa o moço bater
Que eu cansei da nossa fuga
Já não vejo motivos
Pra um amor de tantas rugas
Não ter o seu lugar"


E fora de você meu lugar era tão errado,
tão perdido na falta de espaço que esse vazio te causava.
Tudo estava tão grande que minhas medidas se perdiam em suspiros,
que minhas razões apenas aceitavam nossa soma.

Você é tão poesia que meus versos silenciavam, 
que o meu barulho se calou para melhor te ouvir, 
para não perder suspiros,
para melhor enxergar aquilo que os olhos cegaram.

Eu quis parar,
limpei seu doce amargo da boca,
E você, tímido, com sorrisos que me desarmavam,
cantava.
Cantava...


O Tamanho dos Espelhos D'água...

há tempestades que mais parecem garoas,
e ventos que destroem tanto em apenas refrescar,
há tamanhos que ainda desconhecemos,
nem todo o grande é maior que o pequeno, 
e, há em alguns pequenos tanto tamanho que mal cabem em algum lugar.


há tanto de mim em você que não me acho estando por perto,

me desconheço enquanto tento me explicar,
nosso corpo, um espelho.
nosso colo, a timidez desses tamanhos que não sabemos medir...


fujo de mim para estar em você,

para ser eu.
te explico quando me digo que sou,
e em você converto medidas, 
eu disfarço sentimentos sem tempo,
eu entendo o que não explicaremos,
e temo o que não se deve amar.


há tantos tamanhos em você que só cabem em mim,

e apertado, te faço conforto, te sou consolo,
um coração que não bate, um coração que dói,
por que sermos dois, encaixando tão bem em um?!


eu te divido enquanto me quebro,


e me entrego.
outros haverão, e nem todos sairão, mas só nesses tamanhos tortos haverá mais.



e a tempestade irá ser medida pelo estrago da renovação que ficará.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

dos que foram sem sair e dos que chegaram sem estar

...
perdoe meus atrasos, e eu continuarei te esperando...
eu vou organizando as coisas até você ficar pronto,
a casa estará em ordem, prometo.
faça mais por mim, procure e esqueça coisas,
não me pergunte sempre o que eu quero, às vezes eu também não sei,
às vezes eu nem quero nada.
Pare! não me olhe sempre como quem me vê por completo,
não saiba tanto de mim.
mas não me olhe se não for com verdade,
se não for para enxergar quem eu sou, meu raso e meu profundo,
esmiúce meus abismos e corra em minhas planices,
abrigue-se em minhas cavernas.
me seja, mas se pertença.
saiba que nem sempre vou querer sexo,
mas nunca levarei a vida sem gozo.
sorria sempre que possível,
e chore quando sentir a confortável necessidade disso
gosto das manhãs ao seu lado, mas to pensando em algo maior
um tempo que ainda não sei medir.
sim, vamos brigar;
mas não, eu não te odeio, apenas minto bem.
direi que te amo, e você ira ficar com medo.
entendo, eu também ficaria, me conheço.
minhas verdades mutáveis às vezes insistem em ser estáticas,
nem vou continuar mudando.
sejamos dois,
somar sempre é mais bonito que igualar.
e então seremos livres, mesmo atrasados em chegar.
...

sábado, 20 de setembro de 2014

O fim da noite

Peguei o copo, 
algumas bebidas nunca esquentam,
assim como alguns corações.


Eu poderia beber esse último gole,
podia provar mais um pouco do seu veneno,
ou vomitar tudo que bebi de você.
Eu ainda sinto o gosto amargo das suas promessas,
e ainda tenho pesadelos com seu sorriso,
nossa última conversa me tortura no silêncio.

Eu queria gritar até te odiar menos,
Ou melhor; queria, na verdade, que você fosse digno pelo menos do meu ódio.
Estou arrancando você de cada pedaço do meu corpo dolorido,
você deixou marcas, e hematomas não são troféus.

Eu queria esquecer do sol se pondo sobre você na cama,
e queria minhas manhãs de volta,
queria o tempo dos cuidados que te dei
às vezes odeio tanto meu passado,
mas sempre me absolvo quando lembro que odiar mentiras é santo.

Bebi, copo vazio.
Sem crises morais, a ressaca virá.
Não sobrarão lembranças do porre que foi,
e nada que eu esqueci será digno de lembrar.


segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Das prisões que a liberdade impõe...

eu odeio essas palavras que não saem,
esse silêncio que aperta,
e odeio essa falta de espaço que o vazio acentua.
odeio tanto essas lagrimas que não caem,
e odeio o tempo que não cura, que não sara e nem para.
eu odeio tanto.



segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Te quero defeitos...

eu escuto seu silêncio,
e calo em dores de não poder gemer;
me perco em seu cheiro,
no seu francês bêbado,
nos seus braços tímidos,
e me prendo a você.

me busco em palavras que não digo
que não ouço,
em profundezas que ainda não tive.

te arranco coisas que quer me dar,
regozijo em beijos,
somos dois tão um,
tão pedaços,
fragmentos mal colados,
somos tantas verdades veladas

não em nós medos que não se escondam em mentiras,
e nem verdades que a proximidade não revele.
não machuque meu coração sendo metade,

te quero defeitos.


eu ainda sinto seu gosto perdido em meio ao vinho,
e as horas da madrugada são eternas sem o seu saber,
onde sua música?
onde estão teus interiores?
te quero defeitos,

grite comigo!
reclame, me ensine a te perder...


na cama, diga mais uma vez que sou fácil,
e depois me peça um abraço.

diga "boa noite",
suspire em meus braços,

e vamos dormir,
ha uma eternidade até a luz voltar.

Dos passados que foram presentes...


Dos diálogos que não existiram, que só eu tive...







- Eu te amo...

(risos de canto de boca, suspiros que enchem o silêncio e o vazio...)

- Maluco, você não deve me amar...



(Silêncio)


(Mais silêncio...)

- Teu nome ainda está na minha geladeira...



(Risos velados de domínio, de certeza...)

- E no meu coração, que agora está quente... Nunca estará em outro lugar se não em mim... Ainda que teu nome esteja em outras bocas, outras esperanças... Somos um.

- Repito, não deverias...

- É, eu não deveria...


domingo, 27 de julho de 2014

do verbo permitir

sinto sentimentos,
sinto essas coisas desde que aceitei me perder em seus olhos inquietos.

sinto arrepios,
os sinto desde que permiti que meu colo fosse seu berço,
desde que admiti ser ele meu terço, 
meu um terço,
prece e pedaço.

sinto coisas,
as sinto desde que encontrei em seu cheiro a ambiguidade do conforto e a excitação que só o prazer pode dar...

sinto novidades,
há no encontrar dos lábios um novo sentido para a vida.

sinto tanto...
sinto muito...


só não sinto vergonha...


amo.

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Uma vida para morrer...

Uma das poucas, se não a única certeza que podemos ter em vida, é a morte física. Sim, todos iremos morrer. Uns morrerão de forma rápida, indolor; outros arrastarão esse processo por todo tempo possível, tornarão ele doloroso, e chegarão ao ponto de ambicionar a morte o que os livrará da dor que sentem e que estendem ao seus amados. Fato é, que nunca estamos verdadeiramente preparados para “vivermos a morte”, seja rápida ou não, seja ela nossa ou dos que amamos.
Falar em morte sempre é tabu. A morte sempre possui muitas interpretações,  é vista de diferentes formas em diferentes culturas, mas em todas ela traz um misto de saudade e renovação. Sim, renovação. Onde houver a morte da árvore haverá adubo e espaço pra a nova planta nascer.
Pois bem, vamos nós falar em morte, na carnal mesmo. Eu tenho uma história para contar pra vocês.
Segue:

“Ciente de que morreria um dia, Thomaz passou a vida tentando ser um bom menino, vivendo as coisas amenas e guardando energias para o dia de amanhã, afinal nunca se sabe o dia de amanhã e o  quanto ele exigirá de nós, nunca sabemos do quanto ainda teremos que estar preparados para vida, pensava o garoto.
Thomaz sempre fez tudo dentro do que ele julgava ser certo. Evitou grandes desgastes, nunca quis agir de forma irracional, ponderou, pesou todas as possibilidades antes de se jogar de cabeça em qualquer situação.
Um dia Thomaz sentiu que algo estava diferente. Seu corpo dava agora uns sinais que antes não conhecera, o coração disparava, o corpo se enrijecia em arrepios e logo vinha uma estranha descarga de relaxamento, a respiração andava mais ofegante, a cabeça começava a falhar,e frequentemente recorria o mesmo assunto, não raro também tinha a sensação de perder o chão de baixo dos pés. Desconfiado da situação, Thomaz resolveu consultar um médico, Dr Richard, homem com conhecimento amplo, e que parecia ser o único que poderia ajudá-lo.
DIAGNÓSTICO: uma única semana de vida!
Sim, o Dr Richard diagnosticou o problema e sem dó lançou essa bomba pra cima do menino Thomaz.

Alguns entrariam em pânico, chorariam os últimos setes dias de suas vidas, outros ignorariam e viveriam os seus últimos dias na normalidade que lhes trouxe até aqui. Alguns iriam perder todos os seus filtros, enlouqueceriam. Thomaz, passados os segundos iniciais do choque, e os segundo iniciais da negação, da raiva, fez o que melhor sabia fazer: pensou, ponderou, pesou e decidiu: Vou me permitir! Se é uma semana que me resta, que seja a minha melhor semana, que eu desfrute dos prazeres que me movem.
Thomaz decidiu fazer de seus últimos dias as possibilidades de uma vida. Como seria no final?! Seria como é pra qualquer um, a morte. E se houvesse um erro no diagnóstico do Dr Richard? E se tivesse uma cura para o que ele estava sentindo? Não importava, Thomaz apenas queria se presentear com a presença de sua morte. Com os benefícios que ela sempre o deu, mas ele nunca perceberá.
Então Thomaz levantou, andou sorrindo pelas ruas, bebeu cafés, comprou avelãs e se jogou nos abismos que sempre temeu desejar. Thomaz adolesceu vontades e descobriu prazer em suas verdades, passou ele os seus últimos dias se permitindo. Se sentindo uma pessoa especial, ele possuía a possibilidade de saber o tempo que tinha para aproveitar...
 Thomaz tem sido feliz nesses dias...”



Pois bem meus queridos e poucos leitores, que assim seja, que vocês entendam a eminência da morte, que se permitam. Da minha parte eu vos digo: SUSPIREI, ME CERTIFIQUEI QUE ESTAVA BEM  À BEIRA DO ABISMO, FECHEI OS OLHOS E SUSPIREI MAIS FUNDO, ABRI OS BRAÇOS E COM UM SORRISO DE CORPO INTEIRO VOU ME JOGAR NESSA QUEDA QUE PODE SER SÓ DE SETE DIAS, MAS QUE VALERÁ POR UMA VIDA! 

quinta-feira, 26 de junho de 2014

tenho me feito coração, pedra.
precioso em esperar...

segunda-feira, 16 de junho de 2014

sobre o que é atual...

um dia em sua casa, com ela ainda fria,
você caminhará pelo corredor,
e do quarto você o chamará.
ele irá fingindo uma timidez que te convencerá.
você estará certo de que faz o melhor,
o beijará calculadamente,
e seguirão o protocolo inicial.

não haverá mais coisas minhas em seu banheiro,
nem fotos nossas pela sala,
você pensa: sem pedaços, sem gosto...

você volta para o quarto,
os dois quase nus;
e então você percebe: a cama não está vazia.
eu ainda ocupo meu espaço nela.
ainda tenho olhos de quem não engana,
e na boca a sede que não se sacia,
ainda sou brancas curvas que se domina com facilidade.
eu ainda sou o seu desejo secreto.
sou sua verdade mais honesta.
aprenda: não tiramos da cama quem não sai do nosso coração!

volta.
você me ignora, ele não me vê.


-"eles não o terão por completo."

por quanto tempo você ainda fará as coisas a três?
aprenda: não tiramos da cama quem não sai do coração.
você sangrará em silêncio, e me perderá em você.
um dia você desejará estar comigo em seu almoço de família,
e lembrará que eu era quem segurava sua mão no hospital.
um dia você vai rir das vezes que me odiou,
e se odiar pelas vezes que desejou não mais me amar...
você ira sempre lembrar do que foi bom,
e pesará o que foi ruim como insuficiente,
tarde de mais...

não se tira da cama quem não sai do coração.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Feliz aniversário!

Eu tenho 30 motivos pra te odiar!


1.       Odeio sua voz segura!
2.       Odeio seu jeito de ordenar como quem pede, ou pedir como quem ordena.
3.       Odeio a liberdade com que você me presenteia;
4.       Odeio seus braços fortes.
5.       Odeio teu abraço fortaleza!
6.       Odeio seus olhos que não sabem pedir licença.
7.       Odeio tuas verdades que me guiam.
8.       Odeio sua poesia sem palavras.
9.       E odeio suas palavras sem travas;
10.   Odeio o como só você dança comigo quando não há música;
11.   Odeio tua humildade que me envergonha.
12.   E odeio tua altivez que me seduz.
13.   Odeio a espera em que me prendeu.
14.   E odeio a certeza que trocamos.
15.   Odeio os dias incompletos;
16.   Odeio tuas cicatrizes;
17.   Odeio tua respiração sempre forte.
18.   Odeio tua capacidade de me surpreender.
19.   Odeio a forma que sempre me desarma.
20.   Odeio o quanto de mim,  você me dá.
21.   Odeio tua eterna disposição em ser teu, para se fazer meu;
22.   Odeio tua distância sempre tão perto, com você sempre tão em mim;
23.   Te odeio usando o que te dei.
24.   Te odeio aos risos siceros.
25.   Odeio a forma que me ouve quando eu não quero falar;
26.   Odeio tua entrega à vida.
27.   Odeio tua benção sobre minha vida;
28.   Odeio nossos segredos;
29.   Odeio não ter uma foto tua.
30.   Odeio chorar por/com você.

Eu te odeio tanto que confundo. Odeio tanto, e de tanto odiar eu sei que te amo. Eu te odiarei todos os dias, e jamais deixarei de te amar, jamais deixarei de ser o último!
Eu te odeio tanto, porque tenho mais de 30 motivos pra te odiar, e ainda que fossem mil, eles não seriam forte o bastante para superar meu amor por você.
Eu admito, queria você aqui fora, do lado de cá. Queria, por alguns instantes, te arrancar do meu coração e te prender em meu braços. Queria matar um pouquinho da saudade. Mas respeito a falta que sua presença causa, respeito seus desejos e o vento que move suas asas, respeito e admiro seus voos.

Tu és como o vento!   

Felicidades, sucesso!

Não hoje, mas só por hoje... 

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Conto de fadas...

Era uma vez um gordinho imbecil, que esperava...
Aí ele cresceu, emagreceu; mas continua imbecilmente esperando...