quarta-feira, 28 de setembro de 2011

opostos e dispostos





eu tenho medo do desapego, 
tenho medo de perder o que ainda não tenho,
e tenho medo de precisar de coisas que pus fora.
eu tenho medo de me perder na minha bagunça,
e de me achar perdido no meu caos.
eu falo demais,
eu tenho medo de ser contraditório quando o que busco é melhorar.
ser padrão é ser igual,
mas eu ainda me assusto com o que se parece comigo.
eu tenho medo do oposto, e do disposto.
eu tenho fome e medo de engordar,
mas quando mudo tenho medo d'estar diferente.
eu sou tão grande que não caibo na cama,
mas sou tão pequeno que não apareço no mapa,
eu sou pequeno a ponto de caber em alguém.
tudo o que tenho são vontades, 
e às vezes troco elas por bom senso,
troco balas de goma por balas de hortelã,
por balas de festim, por balas de verdade,
de ver a idade.
eu troco o que sou e o que tenho pelo que serie se eu trocar.
evoluir em andar, em parar,
evoluir em ir, em poder vir.
eu tenho medo e isso me leva, e me freia.
e agora, sei que o que tenho me faz parar.



quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Amor em três rounds

No prédio em frente um casal briga.
Ouço berros;
insultos que corroem.
Às vezes as lágrimas são tão eloquentes que afogam os gritos,
às vezes é o silêncio, a pausa, o ensaio do fim...
Os estilhaços tem som de fúria,
e as acusações: fugas que foram cultivadas com o tempo.
O cheiro disso tudo é medo, pena, é a falta que vai fazer.
A cama não será mais quente,
e o domingo de sol será sem parque.
Silêncio!
Uma porta que bate,
outra que abre,
Uma voz chorosa que grita na janela,
Outra que responde da calçada:
-Eu te amo!
-Volta!
E assim a vizinhança segue seu rumo...

. Como não começar,

"...Hoje eu matei um cara,
não lembro o nome dele;
sei que era quente,
que encheu minha cama,
mas não havia lugar pra ele,
então: matei-o.

Não matei por maldade.
Matei por necessidade;
por saber que ele não sobreviveria em mim,
por ainda sentir na minha cama quem não vai embora.
Matei por piedade de não iludir.


Hoje, quando matei o "cara", eu sabia como fazer.
Disse adeus, fechei a porta e voltei a dormir..."

terça-feira, 20 de setembro de 2011

A lavadeira

... Amanheceu na beira do rio,
E a morena começou a lavar,
Morena lava, que a água leva,
Morena me leva que a água vai.
Espumou e a água limpou,
Morena aproveita que o branco clareou,
Que o sol hoje não queimou,
Morena lava.
Morena aproveita que hoje o mundo nem te olhou,
Gira, gira;
Lava e deixa levar.
Morena me leva que a água vai.
Que a água vai...

Verdades sobre aprender um fim...

Eu estou aprendendo,
estou te deixando fora de mim,
estou te pondo ao meu alcance sem dor.
Eu estou entendendo,
comecei a respeitar a dor como saudade,
e o não como condição.
Eu estou mais tranquilo,
menos dolorido,
agora eu já posso ver cores que a ausência dos teus olhos escondia,
e consigo sentir calor sozinho,
tenho ouvido músicas que seus lábios não desenharam.
Estou melhor,
E agora também comecei a mentir.

sábado, 17 de setembro de 2011

Doendo presença.

Às vezes que queria estar sozinho,
sentir só o sol queimar nossa cama,
e entender o amanhecer como presente.
Eu queria sentir mais que o seu cheiro em mim,
e ver você onde estás.

Às vezes eu queria que as flores não morressem,
e queria que o tempo não passasse.
Mas talvez eu queira você fora de mim.
Queria esquecer seus sussurros com sono,
e seus olhos umidecendo verdades.
Eu queria abraços, com braços e peito pulsando.

É verdade, eu queria flores que não morressem,
queria que você fosse embora quando me deixa,
que saísse de mim quando fecha a porta,
Eu queria doer tua real ausência,
não quero mais doer presença.



quinta-feira, 15 de setembro de 2011

para morrer o que mata...

eu tenho em mim um cheiro que não me pertence,
e uma lembrança que insiste em ser viva,
eu tenho um medo em perder que só conheci com você
e tenho as noites que não acabam,
meus pés doem, mas há tanto o que andar ainda.
minha alma sente, mas minha carne falta.
eu tenho em mim um gosto que só encontro na tua boca,
um prazer que só teus olhos conhecem,
eu tenho tanto de você, que tua falta me mata.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Aceitando não acreditar

Como não ser sóbrio se a noite insiste em ir embora?
Como desistir de tudo se o peito ainda bate tão apertado?

Como saber se tudo o que conheço são verdades mutáveis e mentiras sustentadas pelo desejo?
Eu ainda duvido dos dias de sol sem você,
ainda esqueço as chaves se você não é meu motivo para voltar,
andei perdido em você,
andei me perdendo em te perder,
e agora desisto de desistir, e passo a insistir.

Nada muda, mas eu imploro,
nada é, mas eu prefiro acreditar,
ande ao meu lado, e eu irei a diante.
Me faça verdade que teus lábios profanam no escuro,
no sussurro do suor,
me tenha como ao medo,
e serei o que consigo, serei seu.

Eu quis mais, quis limites
mas acontece que você sabe como voar,
e quando vai, me leva.
Me acalam a alma com um "sim".

Me guarde em você, e serei sol em manhã de domingo.
Me lave e me leve, me flua.

E me deixe fluir, me deixe ir sem doer, 
e mesmo sem entender, me faça aceitar o que é o perder...

domingo, 11 de setembro de 2011

Trajetória Parte IV

...Eu tenho sido chuva,
tenho sido água que não lava,
mas que leva.
Eu tenho visto os dias perderem a cor,
e o peito bater vazio.
Eu tenho sido deserto que verte,
eu sou ausência...

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Trajetória Parte III

Meus lábios te pediram pra ficar,
mas meu coração implorava para que você não fosse embora,
que você não saísse de um lugar que só você soube chegar.
Não quero longe quem está dentro,
quem ainda que distante, enche minha cama.
Não vai.
Estou te pedindo para ficar,
Você é o perfume da minha cama,
é a cor dos meus dias...
Descobri em você caminhos que não entendia,
Estou sendo teu,
sendo egoísta em te dizer o quanto preciso de você.
Não vai.
Eu sinto frio sozinho,
Estou te pedindo pra ficar.

Trajetória Parte II

hoje minha cama dói com o vazio,
e minha carne dilacera tuas palavras,
teus medos e tuas vontades.
hoje meu peito sente a batida do teu coração em abraço apertado.
e eu sou dor que permite chorar,
hoje eu não entendo o "não" como fim.
eu te peço pra ficar,
pra me abraçar.
eu te espero.
ainda não sei viver sem o calor da tua pele,
sem teu cheiro de casa
e tuas costas ainda são o caminho que sei percorrer.
hoje eu sinto verter em mim verdades que não quis ouvir,
mas você falou,
você me abraçou,
senti teu cheiro,
senti minha vida no enrosco dos teus braços,
e queria estar sentindo você agora, em mim.