sábado, 28 de fevereiro de 2015

[Ha]migos, [a]deus...

então acaba assim,  com dor.

me despeço, com esse último e não menos doloroso adeus.
te sepulto em boa terra,
com boas lembranças,
com doces saudades,
mas com muita dor,
como não poderia deixar de ser.

te aceitei em dores,
te criei e alimentei em dores,
te quis, e como eu te quis...


e quando me rejeitou,
vivi em dores.

sonhei e desejei.

ambicionei e tentei fazer das dores amenidades,
afinidades.
mas ainda eram dores.
ainda apertavam,
ainda sufocavam e doíam,
eu ainda amava...


então decidi, eu te amo.
mas como a mãe que enterra o filho eu me despeço de você.
choro e grito em teu sepulcro,
mas te enterro.
te deixo só, ao frio que não me coube evitar,
te deixo repousar onde não alcançarei.
te olho, deixo flores,
e com um consolo que só a dor pode dar,
beijo o frio,
olho em mim, e me desprendo de você,
estou indo.

eu viverei sem a dor do adeus,
de agora em diante serei saudade,
serei mãe sem filho.
desejo, repulsa e culpa de si.


eu sou adeus de você. 

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