(...)
Quase choroso eu imploro:
-Não me olha assim...
-Você está carente... (esboço malicioso de sorriso)
-Não...
-Tá sim, você está carente... (malícia escrachada em boca toda, em boca com vontade reprimida...)
-Não, não estou... É sério! (minha vez de esboçar sorrisos maliciosos, e eu penso: "Ah, se ele soubesse que fiz sexo com outro a pouco...)
-Aaaahhh, tá carente sim...
Eu saio dos teus olhos e me aproximo da tua orelha, me perco em teu cheiro e sussurro com meus lábios roçando tua pele:
-Não. Eu não estou carente, acontece que quando eu te vejo eu entro no cio...
Eu saio dos teus arrepios e volto aos teus olhos...
Repito:
-Não me olha assim...
Passeio pela tua pele, me perco no teu cheiro, no teu calor...
Você suspira...
-Se eu continuar assim não vai ser legal, vou precisar te beijar... (eu insisto)
-Quem disse que não vai ser legal?
(É fato, você ainda me tem...)
-Pra mim vai ser legal...
E você responde com a seriedade que só cabe naquilo que você me dá:
-Pra mim também...
Eu te beijo. Nos beijamos. Minha boca corre a face e nuca que julga lhe pertencer. Meu suspiro, tua respiração. Teus olhos.
-Me liga amanhã?!
Eu reluto com o que mais respeito em mim: meu desejo. Respondo:
-Não. Você não vai atender...
Você insiste, fala com os olhos. É sério. É casa...
-Liga, eu gosto de você, to pedindo pra me ligar...
-Duas coisas: Você não vai atender, caso atenda nem vai lembrar dessa conversa, está bêbado... (eu sei que não está, mas preciso de desculpas...)
-Você sabe que não é assim... Liga depois das quatro... Vou atender, prometo. E se eu esquecer... Você me lembra...
Teus olhos. Tua pele. Teu cheiro. Tua voz. Minha vida toda em você, em instantes que eu eternizo.
Eu me despeço, te desejo o melhor, te desejo mais... Meu desejo por você aumenta, te desejo mais...
E lentamente te deixo ali, sem saber se é saudade ou presença esse espaço que você ocupa em mim...
E agora?! Três horas, e eu não sei se quero ligar...
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