terça-feira, 19 de março de 2013

nu, cru e despedaçado em verso, prosa e confissões

Acabo de entrar em casa, 
luzes apagadas,
silêncio que ensurdeceria a alma de qualquer um;
sempre me surpreendo com a capacidade que só o mais absoluto silêncio tem de eloquência extrema.
Tirei os sapatos.



    E com os pés no chão resolvi sentar em frente às páginas em branco para corrompê-las com verdades de quem já esteve com a cabeça nas nuvens e agora desconhece os limites do que é céu e dos que é inferno.


    Seria engraçado caso não doesse saber das ironias que a vida tem, e do seu senso de humor nem sempre amistoso. Há alguns dias eu estava preocupado, pensando que depois de tanto apanhar, de tanto sofrer havia desaprendido uma série de coisas, e já não sentia mais meu coração bater como antes; cheguei a pensar que o "garoto de água" de antes, agora era um "garoto de pedras", e que eu já não tinha mais um músculo involuntário pulsando no meu peito, que seria incapaz de voltar a sentir qualquer coisa. Feliz ou infelizmente eu estava errado.



Em silêncio comigo eu vejo a água escorrer,
sinto o calor,

vapor.
Preciso de um banho,

de uma lavagem,
queria esfregar a alma até que arrancasse seus pedaços que não me agradam.




    Finalmente aconteceu: a vida mostrou quem é mais forte. Levei uma "bela surra" fui traído, e decepcionado apanhei feito criança pela incredulidade em mim, e meu músculo involuntário pulsante parou; e da água que agora eu cria ser pedra se fizeram milhões de pedaços, e a dor permeou meu ser.

     Assim como creio que o suicídio seja a última e desesperada tentativa de alguém provar a si mesmo que se teve vida um dia*, a dor e o coração partido são as melhores formas de nos provar que temos sim o coração e que ele ainda funciona.



Me abaixei,
cheguei tão perto do chão quanto realmente estava.
respirei com sofreguidão até que meu peito apertado impedisse que mais ar entrasse em mim.
Involuntariamente ceguei pela umidade em meus olhos.
fiz o que tinha que fazer,
juntei todos os pedaços que se espalhavam disformes,
tentei, em vão, respirar profundamente.
Levantei, e ainda perto do chão continuo em dúvida: o que fazer com os pedaços de verdade em minhas mãos.


























* Apenas registrando que esse texto não é alusivo ou incentivo e tão pouco aprovo o suicídio.

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