terça-feira, 12 de novembro de 2013

Dor, o presente do adeus.

Caminhei lentamente pelo corredor do prédio.
As paredes sujas pareciam que cairiam sobre mim iminentemente,
que tentariam me engolir.
Abri a porta com dificuldade.
"odeio essas chaves, essa porta, essas paredes, essa vida..."
Andei pela sala,
voltei ao corredor. Entrei novamente. Chaveei a porta.


O tempo está mais rápido que o relógio?
mais denso que minhas vontades?
estou confuso.


Fui até o quarto, vazio.
Desliguei a torneira do banheiro,
voltei lentamente para a sala.
Vazio.


Vazios.


Sentei no sofá, 
"será que ele sempre foi tão desconfortável assim?!"
a janela fechada me asfixiou, abri-a.
O barulho da rua me incomodou.
Fechei a janela,
abri-a novamente.
Me senti um louco,
um fóbico que acha que vai sufocar,
um fóbico que acha que vai ser invadido por um mundo que não quer...
Me senti frustrado.
Quebrei os copos sujos no chão da sala,
bebi o resto do vinho, da garrafa mesmo.


Sentei no chão e chorei.
Chorei até soluçar,
até doer!
Dolorido levantei,
caminhei com a visão úmida e a atrapalhada até o banheiro.
Liguei o chuveiro que insistia em fazer um barulho infernal,
tirei a roupa.
Meu corpo parecia igual,
tudo parecia estar onde deveria estar...


Não entendi.


Não haviam marcas, nem cicatrizes, mas também não parecia que ainda houvesse um coração.
Entrei embaixo da água que esfumaçava o banheiro.
ela me queimava a pele branca, dando um tom rosado.


Senti cada um dos meus músculos relaxando, inclusive ele, o esquecido coração.
Senti o choro me dominar novamente.
Me permiti chorar, doer, socar a parede e gritar barbaridades sobre você,
permiti que água quente me afogasse de vez em quando,
quase morrer nos dá a certeza de estarmos vivos.
Eu estava vivo, a dor me certificava disso.
A dor era a dádiva que eu não podia explicar,
agora eu sabia: continuaria vivendo independente de você,
ou melhor, independente da sua ausência.
A vida seguiria,
Melhor arrumar a casa, a vida;
Alguém novo chegará...

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