eu te entrego as correntes,
aceito ser vítima do meu cansaço,
e da sua balança corrompida;
tenho as mãos livres, mas não tenho força para carregar mais nada,
estou tão perdido com tanta neblina,
e o sol faz tanta falta em tamanha dor,
eu queria olhos que enxergassem
eu queria um coração cego;
e queria não saber que a culpa é dessa vontade incontrolável de querer,
e querer mais, e mais uma vez querer.
eu te entrego a pá,
cavei e agora desço esse abismo que desejei,
soterraremos mais um pouco de nós em mim;
eu respiro tão pouco aqui.
não reconheço o fim dessa descida,
mas entendo que ela não é menor que meu desistir,
que meus pés se cansem,
que minhas pernas parem, que a recusa da descida seja fato.
nem sempre continuar é uma boa escolha, preciso parar.
quero parar.
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