sexta-feira, 12 de novembro de 2010

...segredos de querer

eu queria ser faca e cortar o vento,
queria ser mestre e explicar o que as cores sutilmente escondem.
eu queria voar com asas vermelhas que não libertam além de um céu de flores,
andar descalço por um caminho de sapatos perdidos e achados de si.
eu queria escorregar por entre meus dedos,
dançar em cheiros de silêncio, em expectativas de festa.
eu queria esperar.
quando corro, não tenho a pretensão de alcançar,
e menos ainda a de chegar,
quando corro apenas quero ser vento.

eu queria ser luz que apaga,
ser mente que mente pra alegrar em lembranças que esqueci.
queria ser nota de violão choroso,
ser melodia de dança em pés cansados.
ser movimento que o vento esqueceu de mexer, esqueceu de fazer.
eu queria ser casulo irrompido,
casa abandonada em nome de liberdade que só as cores da luz conhece.
quando acordo não desejo fazer, o segredo é saber apreciar.

eu queria ser pedra que rola,
ser despenhadeiro que faz subir quando cai,
queria cores de vermelho terra pintados em som de calor.
eu desejei ser cortado por água,
me tornar caminho de lendas
abrigo de estrelas cansadas.
eu seria deserto a noite, e praia de manhã só para poder entardecer rio.
eu seria personagem de conto de fadas, que o livro não fechou.

eu desejei tanto,
sonhei tanto,
vi sons, ouvi cores, temei estações e passei por sentimentos...
e hoje sou o que nunca soube admitir que queria ser,
hoje sou mudança que gosta de andar,
mudança que sabe parar, que sabe continuar,
sou mudança que só faz uma coisa: MUDAR.
porque mudar faz aprender,
porque mudar não significa abrir mão do que é bom,
mas mudar significa valorizar o que não se quer deixar.

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